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Exportações brasileiras para o Sul Global cresceram quase 400% em 20 anos e respondem hoje por 67% do total

Um site de notícias do Brasil deu manchete para a queda das exportações brasileiras para a Ásia. De fato, as exportações pra Ásia caíram 5% em 2024, mas o movimento pode ser considerado uma oscilação natural, causada pelo declínio nas vendas de soja. O movimento que importa, para fins de entender as grandes tendências do […]

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Xi também disse que a China sempre será um membro do Sul Global / Foto: Xinhua

Um site de notícias do Brasil deu manchete para a queda das exportações brasileiras para a Ásia. De fato, as exportações pra Ásia caíram 5% em 2024, mas o movimento pode ser considerado uma oscilação natural, causada pelo declínio nas vendas de soja.

O movimento que importa, para fins de entender as grandes tendências do comércio exterior do Brasil, é a mudança tectônica das exportações nacionais na direção do chamado Sul Global.

Hoje o mundo está dividido geopoliticamente em dois grande blocos: de um lado, o Norte Global, formado pelas nações do chamado mundo “desenvolvido”, ou “rico”, grande parte das quais com passado (ou presente, no caso dos EUA) imperialista. Esse grupo é fácil contar: EUA, Canadá, Europa (menos Rússia), Islândia, Japão, Coréia do Sul, Nova Zelândia e Austrália.

O Sul Global, por sua vez, é formado por todos os outros países.

Em 2024, as exportações brasileiras para o Sul Global totalizaram US$ 227 bilhões, mais que o dobro das destinadas ao Norte Global, com um declínio de 3% sobre 2023, mas com um aumento de 62% em 10 anos e quase 400% em 20 anos. As exportações para o Norte Global avançaram 4% em 2024, e também cresceram nas comparações de 5, 10 e 20 anos, mas bem menos do que se viu para o Sul Global.

Com isso, a participação das exportações brasileiras para o Norte X Sul Global registrou mudanças dramáticas desde o final da década de 90.

A participação do Norte Global no ano 2000 era de 59%, contra 41% para o Sul Global. Vinte e quatro anos depois, em 2024, tudo se inverteu, com 67% das exportações indo para o Sul e 33% indo para o Norte.

Vale destacar ainda as exportações brasileiras para a África, que passaram a crescer de maneira muito intensa nos últimos anos. Em 2024, o Brasil exportou US$ 15,87 bilhões para a África, um aumento de mais de 20% sobre o ano anterior.

Com isso, as exportações brasileiras para a África estão hoje quase três vezes maiores que as para a Alemanha, a “locomotiva” da Europa. Em 2024, o Brasil exportou o equivalente a US$ 5,8 bilhões para a Europa.

O Oriente Médio também aumentou muito suas compras de produtos brasileiros. Em 2024, as exportações brasileiras para o Oriente Médio avançaram 19% sobre o ano anterior e chegaram a US$ 17,9 bilhões.

A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) também agora é um destino extremamente importante para os produtos brasileiros. Em 2024, as exportações brasileiras para a Asean totalizaram US$ 26,38 bilhões, alta de 8% sobre o ano anterior, e mais de 1.100% em 20 anos!

Os países que compõem a Asean são Brunei Darussalam, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Singapura, Tailândia e Vietnã.

Lembrando que o  Brasil exportou um total de US$ 337 bilhões em 2024, valor mais ou menos estável em relação ao recorde histórico obtido em 2023.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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