Efeito Milei: pequena e média indústria argentina continua em queda livre

Foto: Reprodução

Na Argentina, o termo PYME refere-se a “Pequeñas y Medianas Empresas”, ou seja, pequenas e médias empresas, que desempenham um papel crucial na economia, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento regional. Essas empresas, no entanto, enfrentam desafios significativos em meio à crise socioeconômica do país, como mostra o relatório recente da Câmara Argentina de Média Empresa (CAME).

Queda na indústria PYME

De acordo com o levantamento realizado pela CAME, a indústria PYME registrou uma retração de 3,7% em novembro em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado de janeiro a novembro de 2024, a queda já atinge 13,6%, em comparação ao mesmo período de 2023. Entre os seis setores analisados, dois apresentaram melhora em sua atividade anual, enquanto quatro sofreram retração.

Apesar do cenário negativo, houve um aumento mensal desestacionalizado de 3,9% na atividade industrial, além de uma leve elevação no uso da capacidade instalada, que passou de 62,3% em outubro para 63,1% em novembro.

Os dados são parte do Índice de Produção Industrial Pyme (IPIP), que avalia mensalmente a atividade de 420 indústrias PYME de todo o país.

Fatores que agravam a crise

A crise enfrentada pelas pequenas e médias indústrias argentinas reflete problemas estruturais agravados por políticas econômicas. De acordo com a CAME e relatos de industriais locais, a abertura indiscriminada de importações e a falta de políticas voltadas à produção nacional têm afetado diretamente o setor.

Adicionalmente, a desvalorização cambial de 118%, combinada com a redução de salários, aposentadorias e investimentos em obras públicas, resulta em uma economia fragilizada. Essas medidas impactam diretamente o poder de compra da população, com grande parte das famílias argentinas – entre 70% e 80%, segundo estimativas – vivendo em condições de vulnerabilidade econômica.

Reflexos no consumo e no mercado interno

A retração industrial não é um fenômeno isolado. Outros indicadores, como a queda no consumo em supermercados e no comércio de bairros, reforçam o impacto da crise socioeconômica no país. Apenas os setores financeiro, extrativista e agroexportador conseguem apresentar algum desempenho positivo, enquanto a maioria das atividades enfrenta dificuldades severas.

O relatório da CAME revela um cenário preocupante, onde a política econômica atual é vista como um retrocesso, replicando modelos que já mostraram sua ineficiência no passado e comprometendo ainda mais a sustentabilidade das pequenas e médias empresas no país.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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