China lidera mercado de terras raras, mas Brasil surge como parceiro estratégico.
A China domina o mercado global de terras raras, produzindo 240 mil toneladas de óxido equivalente em 2023 e concentrando 70% da extração e 90% da capacidade de refino desses minerais essenciais, segundo o Serviço Geológico dos EUA. Esses elementos, fundamentais para a fabricação de ímãs usados em veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e equipamentos militares, colocam o país asiático no centro de uma cadeia de suprimentos indispensável à tecnologia moderna.
O Brasil, por sua vez, está emergindo como um potencial aliado estratégico no setor. Com vastas reservas ainda subaproveitadas, o país tem se movido para aumentar sua participação nesse mercado. A mineradora brasileira Serra Verde, localizada no estado de Goiás, já começou a explorar comercialmente esses recursos e está traçando planos ambiciosos para o futuro.
A empresa prevê entregar 5.000 toneladas anuais de óxidos de terras raras até 2026, dobrando sua produção até 2030 com a expansão de suas operações. Ricardo Grossi, diretor de operações da Serra Verde, afirmou que o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um parceiro global, especialmente em cooperação com a China, para fortalecer a cadeia de suprimentos mundial de terras raras.
“A demanda por terras raras deve crescer 8,5% ao ano até 2035, o que representa uma oportunidade única para o Brasil consolidar sua posição e formar parcerias estratégicas com grandes players, incluindo a China”, disse Grossi.
Com apoio de investidores como Denham Capital, Energy and Minerals Group (EUA) e Vision Blue Resources Ltd. (Reino Unido), que investiu US$ 150 milhões em 2024, a Serra Verde está negociando novos aportes para ampliar sua capacidade de processamento. Além disso, a mineradora tem sido reconhecida pela Minerals Security Partnership, iniciativa que reúne 14 países e a União Europeia para desenvolver cadeias sustentáveis de minerais críticos.
Embora as tensões comerciais entre EUA e China aumentem, há espaço para o Brasil desempenhar um papel diplomático e comercial estratégico. Uma possível aliança com a China no mercado global de terras raras poderia não apenas diversificar as fontes de suprimento, mas também fortalecer a posição do Brasil como um ator relevante na geopolítica dos recursos minerais.
“Estamos no início de uma transformação financeira e operacional”, afirmou Grossi. “Nosso objetivo é garantir que o Brasil se torne um pilar no mercado global de terras raras, colaborando com outros líderes, como a China, para atender à crescente demanda mundial.”
Com informações de reportagem de Mariana Durao, de quinta-feira, 2 de janeiro de 2025, para a Bloomberg.
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