Papa Francisco condena atrocidades em Gaza, expondo crescente indignação global com as ações de Israel na Terra Santa
O Ministério das Relações Exteriores de Israel convocou o embaixador do Vaticano, Arcebispo Adolfo Tito Yllana, nesta semana, para expressar indignação com as duras críticas do Papa Francisco aos abusos cometidos por Israel contra os palestinos em Gaza.
Segundo relatos, a reunião, realizada na terça-feira em Jerusalém e revelada posteriormente pela mídia israelense, não foi classificada como uma reprimenda formal, mas transmitiu a profunda insatisfação de Israel com as declarações do papa.
Em recentes sermões e missas, o Papa Francisco denunciou as mortes de crianças palestinas, acusando Israel de atos de “crueldade” ao atingir escolas e hospitais e desencadear uma violência devastadora em Gaza.
“Ontem, crianças foram bombardeadas. Isso é crueldade, não guerra”, declarou o pontífice no último sábado, lamentando a imensa crise humanitária no enclave sitiado.
Israel reagiu com veemência, acusando o papa de ignorar suas preocupações com segurança.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmorstein, acusou o papa de desconsiderar o contexto mais amplo das ações militares de Israel, que resultaram na morte de 17.000 crianças.
Relatos na imprensa israelense também sugerem que o presidente de Israel, Isaac Herzog, está buscando urgentemente uma reunião com o papa para tentar reparar os laços abalados.
Autoridades israelenses temem que as críticas contundentes do papa e gestos simbólicos — como a cena do presépio deste ano na Praça de São Pedro, onde o menino Jesus repousa sobre uma kefiah palestina — possam influenciar a opinião pública global.
Criado pelos artistas de Belém Johny Andonia e Faten Nastas Mitwasi, o presépio destaca materiais palestinos, incluindo madeira de oliveira, um símbolo da resiliência palestina.
Durante a inauguração, o Papa Francisco condenou a indústria global de armas por lucrar com o sofrimento humano e reiterou seu apelo pelo fim de todas as guerras, instando os fiéis a lembrar daqueles que sofrem na Terra Santa.
A exibição, elogiada por muitos como uma mensagem de solidariedade e paz, recebeu críticas de apoiadores de Israel, que acusaram o Vaticano de promover uma agenda pró-palestina.
Crescente ruptura entre Israel e o Vaticano
Este confronto diplomático destaca um racha crescente entre o Vaticano e Israel, à medida que a defesa contundente do papa pela população sitiada de Gaza intensifica os apelos por responsabilização de Israel.
A firme posição do pontífice tem atraído atenção para a situação dos palestinos, desafiando a narrativa israelense e aumentando o escrutínio internacional sobre suas operações militares.
As relações entre o Vaticano e Israel têm se deteriorado ao longo da guerra de Israel em Gaza.
Em fevereiro deste ano, o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, criticou publicamente a campanha militar de Israel em Gaza, classificando-a como desproporcional diante das impressionantes baixas.
Falando a jornalistas após um evento em Roma, Parolin afirmou: “O direito de Israel à autodefesa deve ser proporcional, e com 30.000 mortos, certamente não é.”
O comentário gerou uma resposta imediata de Israel. Sua embaixada junto à Santa Sé divulgou uma declaração contundente, descrevendo as observações de Parolin como “deploráveis”.
Desde então, o número de mortos na ofensiva contínua de Israel em Gaza atingiu 45.400, com pelo menos 107.940 feridos, segundo os números mais recentes do Ministério da Saúde palestino.
O pontífice tem mantido contato regular com os palestinos da região e se tornado cada vez mais vocal em suas críticas a Israel como líder dos 1,4 bilhão de católicos no mundo.
As críticas do papa a Israel se intensificaram à medida que o país enfrenta acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e organizações de direitos humanos publicaram um vasto conjunto de evidências detalhando limpeza étnica e crimes de guerra cometidos pelo exército israelense.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) também está prosseguindo com mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade relacionados à guerra de Israel em Gaza.
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