Falhas históricas da atuação policial, que ignoram segurança e direitos sociais, acaba gerando desconfiança e temor na população
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, 51% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmaram não confiar na polícia e sentir medo dela. O levantamento, divulgado ontem (22), revela que este percentual supera ligeiramente o número de pessoas que disseram confiar mais na polícia do que temê-la, que ficou em 46%, como reportou a Folha de S.Paulo.
Segundo a jornalista Isabella Menon, a pesquisa entrevistou 2.002 pessoas com 16 anos ou mais, abrangendo 113 municípios em todo o Brasil, entre os dias 12 e 13 de dezembro deste ano.
A margem de erro do estudo é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
Os resultados são semelhantes aos da pesquisa anterior, realizada em abril de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Naquele período, 51% afirmaram ter mais medo da polícia, enquanto 47% declararam maior confiança.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comentou que os dados devem servir como um alerta para que os agentes de segurança revisem suas práticas de atuação.
“A população não se sente segura em relação à forma de trabalho da polícia, mas não é de hoje”, afirmou.
“Há aqui um reconhecimento de que a forma com que elas têm atuado historicamente tem incomodado, porque não é uma forma que vê a segurança e o direito social para todos.”
Carolina Diniz, coordenadora de enfrentamento à violência institucional da Conectas Direitos Humanos, reforçou que o medo da polícia é um fenômeno cíclico:
“Não se trata de uma situação que acontece agora. Em São Paulo, a situação está longe do controle, mas temos visto dados alarmantes ao longo da história do Brasil.”
Além disso, o levantamento do Datafolha revela que o medo da polícia tem uma distribuição semelhante entre gêneros, sendo reportado por 56% das mulheres e 52% dos homens.