Papa Francisco condena ‘crueldade’ de ataque israelense que matou sete crianças em Gaza

Filippo Monteforte/AFP

Defesa Civil de Gaza relatou que 10 integrantes da mesma família morreram em um ataque aéreo

O papa Francisco condenou neste sábado (21) a “crueldade” de um ataque aéreo israelense na Faixa de Gaza no qual morreram, segundo os serviços de resgate locais, sete crianças de uma família palestina.

“Ontem bombardearam crianças. Não é a guerra, é uma crueldade. E quero dizer porque é algo que me comove”, declarou o pontífice argentino em uma audiência com membros da Cúria, o governo da Santa Sé.

Na sexta-feira (20), a Defesa Civil de Gaza relatou que 10 integrantes da mesma família, incluindo sete crianças, morreram em um ataque aéreo israelense em Jabaliya, no norte do território palestino.

Francisco, que completou 88 anos esta semana, já fez diversos apelos a favor da paz na Faixa de Gaza. Nas últimas semanas, o pontífice elevou o tom contra a ofensiva israelense, que, segundo as autoridades do território governado pelo Hamas, deixou mais de 45 mil mortos, a maioria civis. Pelo menos 21 pessoas morreram nas últimas 24 horas, informou o ministério em comunicado. No final de novembro, o líder da Igreja Católica afirmou que “a prepotência do invasor” estava “prevalecendo” sobre o diálogo.

Francisco publicou um livro em novembro no qual pediu uma investigação “com atenção” para saber se a situação em Gaza corresponde à “definição técnica” de genocídio, uma acusação rejeitada com veemência por Israel.

Procurado pela AFP, o Exército israelense afirmou que o balanço comunicado pela agência de Gaza “não coincide” com as informações das forças militares do país. As tropas israelenses “atacaram vários terroristas que operavam em uma estrutura militar” do movimento islamista palestino Hamas e que “representavam uma ameaça”, afirmou o exército.

Ataques deliberados contra civis

O Haaretz, importante jornal israelense, descreveu assassinatos indiscriminados de civis palestinos no Corredor Netzarim do território com autorização do comando do Exército de Israel. Diário considerado progressista em israel, o Haaretz tem enfrentado severas críticas do governo de extrema direita do primeiro ministro Benjamin Netanyahu.

Na reportagem soldados, oficiais de carreira e reservistas não identificados disseram que os comandantes israelenses ordenaram ou permitiram o assassinato de mulheres, crianças e homens desarmados no Corredor Netzarim, uma faixa de terra de sete quilômetros de largura que corta Gaza de Israel até o Mediterrâneo e que foi transformada em uma zona militar.

Os soldados disseram ao Haaretz que receberam ordens para abrir fogo contra “qualquer um que entrasse” em Netzarim. “Qualquer um que cruzar a linha é um terrorista – sem exceções, sem civis. Todos são terroristas”, disse um soldado citando o comandante de um batalhão.

Entenda a questão Israel x Palestina

Como esses ataques chegaram a esse ponto? Como surgiu o que hoje é um dos conflitos mais importantes do mundo, que fala sobre religião, ancestralidade e direito à terra? Assista ao BdF Explica sobre o tema.

Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 21/12/2024 – 11h39

Com AFP

Edição: Leandro Melito

Cláudia Beatriz:
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