Vladimir Putin nega que a Rússia tenha sido derrotada na Síria

O presidente russo, Vladimir Putin, realiza sua coletiva de imprensa anual de fim de ano em Moscou nesta quinta-feira / Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

Presidente minimiza apoio militar de Moscou ao regime de Assad e afirma que o Kremlin “atingiu seus objetivos”


Vladimir Putin negou que Moscou tenha sofrido uma derrota na Síria, alegando que, apesar da implosão do regime de Bashar al-Assad, o Kremlin alcançou seus objetivos no país.

Durante uma maratona de entrevista coletiva anual, o presidente russo minimizou o papel de Moscou na Síria , ignorando a importância do apoio militar fornecido por anos para sustentar o regime de Assad.

“Eu lhe asseguro que este não é o caso”, disse Putin quando perguntado se a fuga de Assad para Moscou no início deste mês representava um revés. “Viemos para a Síria há 10 anos para impedir que um enclave terrorista fosse estabelecido lá… No geral, alcançamos nossos objetivos.”

A Rússia se esforçou para evacuar centenas de tropas e funcionários da embaixada de Damasco depois que forças rebeldes sírias varreram o país em questão de dias. O futuro de suas duas principais bases militares na Síria agora é incerto.

A Rússia iniciou uma intervenção custosa e em larga escala na guerra civil da Síria em 2015, mobilizando milhares de tropas e amplo apoio aéreo para mudar o curso do conflito a favor de Assad.

Mas nesta quinta-feira (19), Putin afirmou que a Rússia “nunca lutou” na Síria e não tinha tropas no local, apesar de ter duas grandes e estrategicamente importantes bases militares em Hmeimim e Tartus.

Enquanto 350 rebeldes armados avançavam sobre Aleppo, “o componente terrestre era composto por forças sírias e — como todos sabemos, não há segredos aqui — algumas chamadas formações militares pró-iranianas”, disse Putin.

Essas tropas simplesmente abandonaram suas posições, ele disse, acrescentando que a Rússia também havia evacuado 4 mil combatentes pró-iranianos para Teerã por meio de sua base Hmeimim. Ele não mencionou os ataques aéreos russos contra posições rebeldes que falharam em deter seu avanço.

A Rússia agora está negociando com as forças rebeldes sobre o destino de suas duas bases militares. Imagens de satélite recentes de Hmeimim revelaram movimentações de equipamentos para lá consistentes com uma redução de forças russas.

“Mantemos contato com todos os grupos na Síria e todos os países da região. Todos eles dizem que seria melhor se mantivéssemos nossas bases lá”, disse Putin, mas acrescentou que mais conversas eram necessárias para chegar a um acordo mutuamente benéfico entre a Rússia e os novos governantes da Síria.

Perder as bases de Hmeimim e Tartus prejudicaria a imagem de Moscou como uma poderosa corretora global e apresentaria um sério problema estratégico. Os dois locais são importantes centros logísticos para outras atividades da Rússia no Mediterrâneo e suas operações em toda a África.

Putin disse que ainda não se encontrou com Assad em Moscou, mas que pretendia fazê-lo.

Ele também disse que estava pronto para se encontrar com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. “Não falo com ele há mais de quatro anos. Estou pronto para fazer isso a qualquer momento”, disse Putin.

Ele negou que tal conversa aconteceria em um momento em que a Rússia estava enfraquecida por sua decisão de lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, dizendo que, em sua opinião, a Rússia havia se tornado “muito mais forte nos últimos dois a três anos”.

“Os rumores sobre minha morte são muito exagerados”, brincou Putin, sob aplausos da plateia, citando uma frase atribuída ao autor Mark Twain.

Com informações do Financial Times*

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