Heleno também pode ser preso por participação no plano golpista

AGÊNCIA SENADO

A detenção do ex-ministro Walter Braga Netto, que concorreu como vice na chapa de Jair Bolsonaro, ampliou as investigações sobre outro general de quatro estrelas, Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

A Polícia Federal indiciou Heleno por seu papel em uma suposta tentativa de golpe de Estado, que inclui a disseminação de desinformação e planos antidemocráticos, conforme reportado pelo jornal O Globo.

Fontes próximas ao Exército consideram provável que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente uma denúncia formal contra Heleno, dadas as evidências coletadas. Uma prisão eventual do general poderia agravar a crise institucional já presente no Exército Brasileiro.

O relatório da PF sugere que Heleno utilizou recursos do GSI para promover alegações falsas de fraude eleitoral, contribuindo para um cenário que poderia justificar uma intervenção militar.

Documentos encontrados em sua residência contêm informações sobre supostas “inconsistências nas urnas eletrônicas”, que apontam para um esforço coordenado de desestabilizar o processo eleitoral.

Durante uma reunião ministerial em 5 de julho de 2022, Heleno, ao lado de Bolsonaro e outros ministros, teria proposto uma “virada de mesa” antes das eleições. “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”, afirmou o general, de acordo com registros da PF.

Além disso, Heleno é suspeito de estar envolvido no planejamento para infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em campanhas eleitorais, uma estratégia discutida diretamente com Bolsonaro. Anotações manuscritas atribuídas a Heleno sugerem a instrumentalização da Advocacia-Geral da União (AGU) para bloquear o cumprimento de decisões judiciais adversas ao governo.

Outro aspecto central das investigações é a suspeita de que Heleno lideraria um “Gabinete de Crise” após a execução de um plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), com Braga Netto atuando como “coordenador-geral”.

Desde o término do inquérito da PF, o Exército tem mantido uma postura de cautela, evitando pronunciamentos públicos. A cúpula militar teme uma reação adversa entre oficiais da reserva e apoiadores de Bolsonaro nas Forças Armadas. Com a possível colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, há preocupações de que mais informações comprometedoras venham à tona.

A situação de Heleno, uma figura notória desde a época da ditadura militar, com passagens pelo Comando Militar da Amazônia e pela Missão da ONU no Haiti, agora aguarda ações da Justiça. O Exército, por sua vez, procura se distanciar dos militares associados ao governo anterior para preservar sua reputação e autoridade institucional.

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