Comandante ucraniano é demitido enquanto Moscou avança em Donetsk e força o fechamento de mina de carvão essencial para a Ucrânia
A liderança militar da Ucrânia demitiu o comandante que supervisionava suas operações na região oriental de Donetsk, onde as defesas de Kiev estão cedendo enquanto a Rússia avança em direção a um importante centro logístico.
Uma autoridade ucraniana confirmou ao Financial Times na sexta-feira que Oleksandr Lutsenko havia sido removido de seu cargo como comandante do grupo operacional e tático de Donetsk.
As forças da Ucrânia, sob o comando de Lutsenko, falharam em deter a ofensiva abrangente da Rússia que tomou uma área aproximadamente metade do tamanho de Londres apenas no mês passado. O oficial disse que Lutsenko receberia outro posto nas forças terrestres do exército. Ele foi substituído pelo Brigadeiro-General Oleksandr Tarnavskyi.
Mais cedo na sexta-feira, o principal general da Ucrânia, Oleksandr Syrsky, disse de um centro de comando perto da cidade de Pokrovsk — o coração da operação oriental de Donetsk e um importante centro logístico para o exército — que batalhas estavam sendo travadas contra um exército russo “superior… principalmente em mão de obra”.
“As batalhas são extremamente duras”, disse Syrsky. “Os russos estão lançando todas as forças disponíveis para a frente, tentando romper a defesa de nossas tropas.”
O Deep State, um grupo ucraniano de monitoramento de guerra próximo ao Ministério da Defesa, disse que as tropas ucranianas que defendiam quatro vilas ao sul de Pokrovsk estavam sob ameaça de cerco, com forças russas atacando “de todos os lados”.
A maior siderúrgica da Ucrânia, a Metinvest, também anunciou a suspensão das operações na única mina que produz carvão metalúrgico no país depois que forças russas avançaram até 2 km do local perto de Pokrovsk, de acordo com um memorando da empresa.
A mina produziu cerca de metade dos volumes totais de extração de carvão ucraniano da Metinvest e é uma fonte do tipo de carvão necessário para produzir coque, que é essencial para a fabricação de aço. A Metinvest disse que havia evacuado o pessoal principal e seus familiares do local.
As forças russas têm avançado recentemente em seu ritmo mais rápido desde 2022 e seu foco atual é Pokrovsk, bem como as principais cidades de Kurakhove e Velyka Novosilka ao sul. A área fica perto de três grandes rodovias que vão para a região de Dnipropetrovsk e a cidade de Dnipro, que é crucial para as operações militares ucranianas em grande parte da linha de frente de mil quilômetros.
Ressaltando a terrível situação enfrentada pelo exército ucraniano na frente oriental, Syrsky alertou que em breve teria que recorrer a “decisões não padronizadas para aumentar a estabilidade da defesa e destruir os ocupantes de forma mais eficaz”.
Ele não elaborou quais seriam essas medidas. Mas Syrsky, que projetou a controversa incursão de Kiev na região de Kursk, na Rússia, em agosto, e a bem-sucedida contraofensiva em Kharkiv em 2022, é conhecido por correr riscos para tentar atrapalhar os planos do inimigo e mudar o momento no campo de batalha.
O maior desafio da Ucrânia é a mão de obra, de acordo com analistas. Suas tropas experientes estão sendo mortas ou feridas, enquanto um esforço de mobilização tem fracassado em grande parte. A idade média de um soldado ucraniano é de cerca de 45 anos, com muitos novos recrutas em má forma física.
As forças russas superam em muito as tropas ucranianas, apesar de sofrerem mais baixas na linha de frente. Comandantes na região de Donetsk disseram ao Financial Times que seus soldados às vezes eram superados em número 8/1.
Os EUA pediram a Zelenskyy que reduzisse a idade de recrutamento militar de 25 para 18 para lidar com a escassez de mão de obra que enfraqueceu sua posição no campo de batalha e contribuiu para os ganhos arrebatadores da Rússia. Mas ele se opôs fortemente a esse conselho e tentou transferir a culpa para atrasos no fornecimento de armamento ocidental.
“Que não haja especulação — nosso estado não está se preparando para diminuir a idade de mobilização”, disse Zelenskyy ao parlamento no mês passado.
Com informações do Financial Times*