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Na Argentina e no Brasil, atos de memória contra ditaduras militares

Bruno Falci (Jornalista e Historiador. Militante, no Brasil, dos Filhos e Netos por Memoria, Verdade e Justiça. Na Argentina é militante das Madres de la Plaza de Mayo) de Buenos Aires para O Portal O Cafezinho Na semana comemorativa do aniversário de 96 anos da grande líder das Madres da Plaza de Mayo, Hebe Bonafini, […]

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Marcha 2434 das Madres da Plaza de Mayo, ano 48. Foto: Bruno Falci / Buenos Aires

Bruno Falci (Jornalista e Historiador. Militante, no Brasil, dos Filhos e Netos por Memoria, Verdade e Justiça. Na Argentina é militante das Madres de la Plaza de Mayo)

de Buenos Aires para O Portal O Cafezinho

Na semana comemorativa do aniversário de 96 anos da grande líder das Madres da Plaza de Mayo, Hebe Bonafini, falecida há dois anos, diversas mobilizações ocorreram em múltiplas cidades do país. O movimento das Madres, que surgiu em 1977, durante a ditadura militar argentina, com a realização de marchas semanais na praça de maio para demandar do governo onde estão seus filhos sequestrados pela ditadura militar.

Ano 48 da Marcha semanal das Madres da Plaza de Mayo. Foto: Bruno Falci / Buenos Aires

Há 47 anos, todas as quintas-feiras, às 15h30, as Madres realizam a “volta” ao redor da Pirâmide de Maio, onde fica situada a Casa Rosada, sede do governo do país. em busca de seus filhos, os 30 mil desaparecidos durante a ditadura militar. Foi quando foi organizado um plano sistemático que sequestrou, torturou, assassinou e desapareceu com milhares de pessoas entre 1976 e 1983.

Marcha 2434 das Madres da Plaza de Mayo. Foto: Bruno Falci / Buenos Aires

Com a volta à democracia, os responsáveis pelos crimes começaram a ser julgados e condenados, mas nunca entregaram as listas das vítimas. nem sequer contaram o que faziam com seus corpos. A marcha está aberta a todos aqueles que queiram acompanhar a reivindicação. Através dessas marchas, elas se transformaram em referência moral no combate aos crimes praticados pela ditadura militar e em defesa da democracia e dos direitos humanos. As Madres, transformando a sua dor em luta, organizaram-se para reivindicar, visibilizar e denunciar coletivamente o desaparecimento dos seus filhos sob o terrorismo de Estado.

Marcha 2434 das Madres da Plaza de Mayo. Foto: Bruno Falci / Buenos Aires

No Brasil, se festejou o aniversário de fundação do Coletivo Filhos e Netos por Memória, Verdade e Justiça, realizada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no dia 5 de dezembro, quinta-feira. Fundado no Rio de Janeiro no dia 5 de dezembro de 2014, hoje é um coletivo nacional independente e suprapartidário de Direitos Humanos. Formado por familiares de mortos, desaparecidos, torturados e perseguidos políticos, sempre se dedicou e dedica-se à defesa dos Direitos Humanos e ao combate à violência de Estado, nos últimos 10 anos.

O ato comemorativo torna-se ainda mais necessário no cenário brasileiro atual quando a Polícia Federal que concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou no plano de um golpe de Estado que tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O relatório da PF indiciou 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. Nessa trajetória, Militares golpistas discutiram a instalação de um campo de prisioneiros de guerra, sendo que foi sugerido a denominação de Auschwitz, nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista, onde foram assassinadas um milhão de pessoas.

Aniversario de 10 anos dos Filhos e Netos. UERJ / Rio de Janeiro

A resistência popular e a violência policial, comandada pelo protocolo repressivo ilegal do governo de extrema-direita de Javier Milei, caracterizaram o cenário político da Argentina em 2024. Foram grandes as mobilizações contra as políticas neoliberais do governo. Ocorreram duas greves gerais e outras manifestações reunindo milhões de pessoas, que ocuparam as ruas das principais cidades do país. Em reação o o governo de extrema-direita, que a cada dia se assemelha as ditaduras militares que tanto admira, lançou um protocolo que criminaliza manifestantes e os proíbe de fecharem ruas e protestarem, levando a Argentina a reviver os horrores do passado. A violenta repressão policial, prisões e perseguição de opositores é o novo cenário que se encontram os movimentos sociais e todos aqueles que se opõem ao regime que Milei busca impor na Argentina

Milei gerou uma grande insatisfação popular com mais da metade do país abaixo da linha da pobreza, crescimento do desemprego provocado em grande parte pelo enxugamento da máquina pública, o aumento do custo de vida e o corte dos subsídios. O governante prometeu, no início de seu mandato, resolver o problema da inflação, mas ao contrário, reduziu drasticamente o consumo, através de sua política de austeridade econômica, levando o país à recessão. O cenário politico segue incerto, Tanto o governo, quanto o povo organizado seguem se enfrentando enquanto a economia caminha para um colapso e a povo a cada dia passa mais fome, a insatisfação do governo cresce a cada dia, junto com a repressão aos seus opositores. O país, se continuar a seguir esse caminho, pode caminhar para uma explosão social.

veja entrevista do Semanário Latino-americano para o Cafezinho e aprofunde o debate

https://twitter.com/ocafezinho/status/1865477633468960991

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