Blinken, dos EUA, pressiona Ucrânia a enviar mais jovens para a guerra enquanto o futuro de uma geração já está em risco no conflito com a Rússia
A Ucrânia precisa recrutar mais jovens para o exército para ter sucesso na guerra travada contra ela pela Rússia, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na quarta-feira.
Os comentários de Blinken, em entrevista à Reuters, refletem uma visão crescente entre oficiais ocidentais de que Kyiv precisa urgentemente de mais mão de obra, assim como de dinheiro e munições, para reverter os avanços russos no campo de batalha. A convocação atual começa aos 25 anos.
Os aliados da Ucrânia evitaram levantar publicamente a questão devido à sua sensibilidade política. No entanto, os comentários de Blinken sugerem que agora eles esperam que a pressão pública leve Kyiv a reconsiderar sua resistência à mobilização de pessoas mais jovens.
A questão se tornou mais aguda com a incerteza sobre o futuro do apoio dos EUA à Ucrânia, enquanto Kyiv aguarda o presidente eleito Donald Trump delinear sua política sobre a guerra.
“Essas são decisões muito difíceis, e eu entendo e respeito completamente isso”, disse Blinken na entrevista na sede da OTAN em Bruxelas, após participar de uma reunião de dois dias dos ministros das Relações Exteriores da aliança militar.
“Mas, por exemplo, trazer pessoas mais jovens para o combate, achamos, muitos de nós achamos, que é necessário. Atualmente, jovens de 18 a 25 anos não estão na luta”, acrescentou.
Sem mencionar um grupo etário específico, o chefe da OTAN, Mark Rutte, expressou a mesma visão geral.
“Temos que garantir, obviamente, que haja pessoas suficientes dentro da Ucrânia”, disse Rutte aos jornalistas. “Provavelmente precisaremos de mais pessoas na linha de frente.”
Blinken afirmou que cabe às autoridades ucranianas decidirem a melhor forma de enviar os jovens para o combate.
RESISTÊNCIA UCRANIANA
Alguns oficiais militares ucranianos reconhecem em privado que a escassez de pessoal é grave, mas Kyiv tem resistido aos apelos para expandir sua campanha de mobilização, alegando que não tem armamentos suficientes para equipar as tropas que já possui.
Blinken afirmou que os aliados de Kyiv garantiriam que todos os mobilizados recebessem o treinamento e o equipamento necessários.
“O compromisso que temos como aliança e como países que apoiam a Ucrânia é garantir que, para cada força que eles mobilizem, forneceremos treinamento e equipamento”, disse ele à Reuters.
Enquanto o exército russo tem coberto suas perdas recrutando em províncias fora de Moscou, a Ucrânia tem aumentado suas forças por meio de convocatórias cada vez mais difíceis.
Após meses de deliberações, a Ucrânia expandiu sua campanha de mobilização em abril, tornando-a mais eficiente e reduzindo a idade de convocação de 27 para 25 anos.
O presidente Volodymyr Zelenskyy afirmou que não planeja reduzir ainda mais a idade de mobilização. Oficiais ucranianos querem proteger os homens mais jovens para evitar uma maior destruição demográfica e ajudar na reconstrução do país após a guerra.
Milhares de ucranianos se inscreveram para defender seu país após a invasão russa em 2022, mas esses fluxos secaram há muito tempo.
Alguns soldados ucranianos estão lutando desde antes da invasão e não têm opção de desmobilização sob a legislação atual. Outros fugiram da Ucrânia e o paradeiro de muitos é desconhecido.