Mauro Cid depõe novamente à PF sobre o golpe de 2022; omissões e contradições nos depoimentos intensificam a investigação sobre o caso
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), presta novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (5), conforme informações do Globo. O interrogatório, marcado para as 15h na superintendência da PF em Brasília, vai abordar as “omissões e contradições” identificadas pela PF em seus depoimentos sobre o suposto plano de golpe articulado no Palácio do Planalto no final de 2022.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, explicou que este será o 11º depoimento de Cid desde sua prisão em 2023, como desdobramento de um testemunho prestado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 21 de novembro. Na ocasião, o acordo de colaboração de Cid passou por reavaliação, com risco de anulação. “Fruto dessa reinquirição, o ministro decidiu por bem manter a integridade da colaboração, sem prejuízo de sua reavaliação, o que nos levou a ouvir novamente o colaborador”, declarou Andrei nesta quarta-feira.
Rodrigues ressaltou que a PF não solicitou a rescisão da delação, mas enviou um ofício ao STF apontando “circunstâncias” nos relatos de Cid. “Quem decide pela validade [da colaboração] não somos nós. Nossa função é verificar o quanto o delator contribuiu. A decisão final é do Judiciário”, afirmou.
A defesa de Mauro Cid afirmou que ele permanece à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários. Ele já foi indiciado, junto com Bolsonaro e outras 35 pessoas, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A investigação foi concluída e remetida à Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada.
Duas semanas atrás, Mauro Cid prestou depoimento à PF sobre mensagens apagadas em seu celular e um suposto plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que teria como objetivo assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. A defesa do militar negou qualquer envolvimento ou conhecimento de Cid sobre essa trama.
Em audiência com Moraes após esse depoimento, Cid confirmou a realização de uma reunião na residência do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto, para discutir a possibilidade de um golpe de Estado. Contudo, ele reafirmou desconhecer qualquer plano de assassinato, segundo sua defesa.
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