O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em entrevista concedida à agência japonesa Kyodo News, reconheceu a incapacidade militar de seu país em retomar os territórios atualmente ocupados pela Rússia, incluindo a Crimeia, que foi anexada em 2014.
“Nosso exército não tem força para fazer isso. Isso é verdade”, afirmou Zelensky, destacando uma mudança em sua abordagem para o conflito, que agora foca em soluções diplomáticas.
Desde o início da guerra, a estratégia ucraniana, apoiada por países ocidentais como os Estados Unidos, visava uma escalada militar.
Contudo, essa abordagem mostrou-se desfavorável para os interesses ucranianos ao longo do tempo, resultando em severo desgaste econômico, humano e social. A atual posição de Zelensky reflete uma reavaliação das tácticas anteriormente adotadas, que estavam mais alinhadas com objetivos geopolíticos ocidentais do que com as necessidades imediatas da Ucrânia.
Zelensky salientou que o apoio internacional recebido até agora não foi suficiente e defendeu a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como essencial para prevenir futuras agressões russas.
No entanto, há hesitação por parte das potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos e seus aliados europeus, em aceitar a Ucrânia na aliança militar, um movimento que poderia intensificar as tensões com Moscou.
A guerra, que Zelensky descreveu como estando em um “período complicado”, revelou o crescente isolamento da Ucrânia em meio a um conflito que já resultou em enormes perdas humanas e destruição.
A ênfase anterior em soluções militares, muitas vezes incentivadas por atores externos, exacerbou o sofrimento da população ucraniana e levou a um impasse territorial difícil de ser revertido.
Além disso, Zelensky abriu a possibilidade de negociar a devolução de parte das áreas ocupadas, uma posição que antes descartava.
A entrevista também trouxe à tona declarações de Zelensky sobre uma suposta presença de soldados norte-coreanos apoiando a Rússia, uma alegação que ele admite não poder comprovar em termos de números exatos.
Essa mudança de postura ocorre em um momento delicado, especialmente após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que prometeu reavaliar o envolvimento americano na guerra.
A admissão de Zelensky sobre as limitações militares do seu país sugere um esgotamento da estratégia que priorizava os interesses ocidentais, colocando a Ucrânia em uma posição de vulnerabilidade extrema. O desafio para o governo ucraniano será agora encontrar vias diplomáticas eficazes para terminar o conflito e iniciar o processo de reconstrução nacional.