Washington anunciou novas regulamentações rigorosas para limitar a capacidade da China de desenvolver semicondutores avançados, essenciais para tecnologias militares, inteligência artificial e armamentos de alta tecnologia.
As medidas, divulgadas nesta segunda-feira pelo Departamento de Comércio dos EUA, impõem restrições à exportação de 24 tipos de equipamentos de fabricação de chips e três categorias de software indispensáveis para o desenvolvimento de semicondutores.
Um foco significativo está na memória de alta largura de banda (HBM), crucial para sistemas de inteligência artificial e computação avançada. As restrições proíbem a exportação de HBM de origem americana e estrangeira para a China, visando conter as capacidades militares de IA de Pequim.
As atualizações também revisaram a regra do “produto direto estrangeiro”, que permite aos EUA inspecionar produtos fabricados no exterior caso contenham tecnologia americana.
Uma das regras restringe o envio de equipamentos de fabricação de semicondutores para a China continental e Macau. Outra limita bens estrangeiros destinados a empresas incluídas na lista de entidades do Departamento de Comércio, que inclui organizações ligadas ao exército chinês ou supostas violações de direitos humanos.
O Ministério das Relações Exteriores da China acusou os EUA de usarem controles de exportação para “bloquear e suprimir maliciosamente” o país. Um porta-voz afirmou que a medida “viola os princípios de economia de mercado e competição justa”, prejudica o comércio internacional e desestabiliza as cadeias globais de suprimentos.
Essas restrições continuam uma série de ações que começaram com o governo de Donald Trump, que em 2019 proibiu empresas americanas de usar tecnologias de comunicação de fornecedores considerados ameaças à segurança nacional, incluindo a Huawei.
Durante o governo Biden, a rivalidade tecnológica entre os EUA e a China se intensificou. O presidente impôs mais controles comerciais, argumentando que tecnologias americanas avançadas poderiam ser usadas militarmente contra os EUA.
Empresas chinesas, como a Yangtze Memory Technology Corp, maior fabricante de chips de memória do país, foram proibidas de acessar tecnologias americanas.
Gina Raimondo, secretária de Comércio dos EUA, descreveu as restrições como “os controles mais rigorosos já impostos para degradar a capacidade da China de produzir chips avançados usados em sua modernização militar”.
O conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, afirmou que as medidas visam “proteger os EUA e seus aliados”, além de garantir que “tecnologia americana não seja usada contra nós ou nossos parceiros”.
Embora o governo reconheça que as restrições impactem outras áreas, foi enfatizado que os controles foram projetados para afetar apenas uma pequena parte da economia chinesa.
Além disso, 140 organizações chinesas, incluindo fábricas de semicondutores e empresas de tecnologia, foram adicionadas à lista de entidades restritas. Embora os nomes não tenham sido divulgados, analistas preveem que os controles se expandam nos próximos meses.
Os aliados dos EUA, como Japão e Holanda, também restringiram o envio de equipamentos de fabricação de chips para a China. Além disso, em janeiro, os investimentos americanos em indústrias tecnológicas avançadas chinesas, incluindo semicondutores e inteligência artificial, serão proibidos.
Apesar das restrições, a China continua avançando em tecnologia de ponta. O programa “Made in China 2025” alcançou progressos significativos, permitindo que o país produza produtos como servidores, sistemas de dados e CPUs para desktops.
Pequim também retaliou, impondo controles de exportação de minerais raros, como gálio, germânio e grafite, vitais para a fabricação de chips, dos quais a China produz mais de 60% do fornecimento global.
Com informações do South China Morning Post (via Yahoo Finance).
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