A presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que o México adotará medidas retaliatórias se o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, concretizar sua proposta de impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações mexicanas.
Em uma entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, 27, Sheinbaum destacou que a implementação de tais tarifas pelo governo dos EUA provocaria respostas similares do México, seu principal parceiro comercial.
Durante a coletiva, que também contou com a presença do ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, foram discutidas as possíveis consequências econômicas desta medida.
Ebrard criticou a proposta de Trump, que segundo ele violaria o acordo comercial USMCA (T-MEC em espanhol), um pacto entre México, Canadá e Estados Unidos. “O impacto nas empresas será enorme”, afirmou, apontando particularmente para o setor automotivo como um dos mais prejudicados.
Ebrard salientou que veículos populares nos EUA, como caminhonetes fabricadas no México, poderiam ver um aumento médio de US$ 3 mil em seus preços. Este aumento afetaria principalmente os consumidores das áreas rurais norte-americanas, uma base de apoio significativa para Trump durante as eleições.
O diálogo entre Sheinbaum e Trump prosseguiu com uma ligação telefônica onde foram discutidos temas como migração e tráfico de drogas. Apesar de Trump afirmar em sua plataforma Truth Social que Sheinbaum teria concordado em “fechar a fronteira sul”, a presidente mexicana desmentiu essa afirmação em uma publicação na rede X, destacando que o México seguiria implementando sua própria estratégia migratória e reafirmando a intenção de “construir pontes, não fechar fronteiras”.
O peso mexicano valorizou-se quase 1% em relação ao dólar após as declarações de Sheinbaum, indicando uma reação positiva do mercado financeiro às suas palavras.
A revisão do USMCA, agendada para 2026, também foi um tópico abordado. Katia Goya, economista do Grupo Financiero Banorte, alertou para os riscos de um conflito comercial que poderia levar a uma renegociação completa do acordo. “Situações de conflito comercial geram menor crescimento econômico, maior desemprego e inflação mais alta nos Estados Unidos”, analisou.
Ebrard concluiu a coletiva reiterando a preferência do México por cooperação e integração regional em contraposição às divisões geradas por tarifas. As posições firmes de Sheinbaum e Ebrard refletem a postura do governo mexicano frente a um cenário de tensão econômica que pode afetar a estabilidade econômica da América do Norte.