O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou um aumento de 0,62% em novembro, superando a alta de 0,54% observada em outubro, conforme informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Este resultado eleva a taxa acumulada nos últimos 12 meses para 4,77%, ultrapassando o teto da meta de inflação de 2024 estabelecida em 3,0%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O avanço do índice em novembro é o mais significativo desde novembro de 2023, quando foi registrado 4,84%. Não se observava uma taxa superior a 4,5% desde dezembro do ano passado. Os números atuais superaram as expectativas de mercado, que previam uma alta de 0,48% para o mês e de 4,62% para o acumulado de 12 meses, segundo pesquisa da Reuters.
André Valério, economista sênior do Inter, aponta que os dados do IPCA-15 de novembro demonstram uma deterioração nas tendências inflacionárias, impulsionada por fatores voláteis.
O grupo ‘Alimentação e bebidas’ apresentou a maior variação e impacto no índice, com um aumento de 1,34%. Destaca-se a aceleração nos preços da alimentação no domicílio, que subiu de 0,95% em outubro para 1,65% em novembro, impulsionada pelos aumentos nos preços do óleo de soja (8,38%), tomate (8,15%) e carnes (7,54%).
Além disso, o grupo ‘Despesas Pessoais’ registrou alta de 0,83%, com destaque para o aumento de 4,97% no preço dos cigarros, reflexo da elevação da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a partir de 1º de novembro. O setor de ‘Transportes’ também viu um aumento considerável de 0,82%, com as passagens aéreas apresentando a maior alta individual do mês, de 22,56%.
Os custos relacionados ao grupo ‘Habitação’ subiram modestamente, 0,22%, com a alta de energia elétrica residencial desacelerando de 5,29% em outubro para 0,13% em novembro. Esta mudança é consequência da decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de aplicar a bandeira tarifária amarela em novembro, refletindo uma melhora nas condições de geração de energia no país.
Com o cenário inflacionário desafiador e a desancoragem das expectativas de inflação, o Banco Central do Brasil respondeu com um aumento da taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual, alcançando 11,25% ao ano em novembro.
Embora não tenha sido explicitado o curso de ação para a última reunião do ano em dezembro, a pesquisa Focus realizada pelo Banco Central com especialistas indica uma expectativa de novo aumento de 0,5 ponto, que elevaria a Selic para 11,75%.