Em uma recente declaração ao chegar em Brasília, após uma viagem ao Nordeste, o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu pela primeira vez a possibilidade de ser preso, destacando o avanço das investigações que o apontam como possível articulador de um golpe de Estado.
Apesar de reconhecer o risco de detenção, Bolsonaro negou veementemente qualquer envolvimento em ações que ultrapassem os limites constitucionais.
“Eu posso ser preso agora, ao sair daqui”, afirmou Bolsonaro em declaração ao desembarcar no aeroporto. No entanto, o ex-presidente classificou as investigações como uma “perseguição política” e insistiu que a ideia de um golpe de Estado nunca fez parte de seus planos.
“A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição”, declarou, segundo reportagem do jornal O Globo.
A Polícia Federal investiga Bolsonaro por múltiplas acusações, incluindo tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e formação de organização criminosa.
As investigações revelaram reuniões com lideranças militares onde foram discutidas estratégias para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, considerando medidas extremas como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o Estado de Defesa.
Depoimentos de altos comandantes militares, como o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, e o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, apontam para a rejeição dos planos de Bolsonaro. Gomes chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão caso continuasse com as articulações.
Outro ponto crítico nas investigações é uma reunião no Palácio do Planalto em julho de 2022, onde Bolsonaro teria incitado ações pré-eleitorais. Ele teria expressado preocupações sobre os resultados eleitorais, sugerindo que uma reação após as eleições poderia desencadear conflitos intensos no país.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil”, afirmou Bolsonaro, conforme consta nos autos da investigação.
Adicionalmente, Bolsonaro comentou sobre o Projeto de Lei da Anistia, relacionado aos eventos de invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro. Ele mencionou um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para que o projeto seja analisado por uma comissão especial, separando essa iniciativa de suas questões legais correntes.
As investigações continuam e há uma expectativa de novos desdobramentos. Bolsonaro, mantendo um tom realista sobre sua situação, segue negando as acusações e atribuindo as investigações a motivações políticas destinadas a enfraquecer sua posição política.