Novas sanções dos EUA afetam comércio Rússia-China a curto prazo, mas fortalecem influência de Pequim em negociações futuras, dizem analistas
As últimas sanções do Departamento do Tesouro dos EUA para restringir ainda mais o uso do sistema financeiro internacional pela Rússia provavelmente dificultarão o comércio russo com a China no curto prazo, de acordo com analistas. Eles também apontam que, a longo prazo, essas medidas darão a Pequim maior poder de negociação nos termos do gasoduto Power of Siberia 2.
Aleksei Chigadaev, ex-professor visitante da Higher School of Economics em Moscou, destacou que “o mais crítico” nessa escalada são as sanções contra os sistemas de transferência de mensagens financeiras, em especial o Sistema Peredachi Finansovykh Soobshcheniy (SPFS) da Rússia, uma alternativa ao sistema bancário internacional Swift, além da filial chinesa do banco russo VTB.
“Uma parcela significativa dos pagamentos é processada pelo VTB China – é um banco crucial para os negócios”, afirmou.
“O comércio será praticamente interrompido até o Ano Novo, o que afetará significativamente o comércio Rússia-China no curto prazo.”
O Knightsbridge Strategic Group, de Londres, afirmou que, para superar as sanções, “a China quase certamente buscará aprimorar” métodos de pagamento, como o Cross-Border Interbank Payment System, o uso de mercados de yuan offshore, a criação de instituições financeiras chinesas especializadas e bancos regionais desconectados de sistemas internacionais ocidentais, além do uso de trocas diretas (bartering).
“O aumento do isolamento econômico da Rússia inclina ainda mais a relação econômica a favor da China, que provavelmente continuará impondo condições rigorosas em acordos de preços e fornecimento”, acrescentou Finley Grimble, fundador do Knightsbridge Strategic.
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA ampliou suas sanções emitindo um alerta sobre os riscos relacionados ao SPFS da Rússia, que o departamento descreveu, em um comunicado na quinta-feira, como um sistema que “o Kremlin criou e usa para escapar das sanções”.
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