Bombardeio aéreo destrói prédio residencial em Beirute, mata 15 civis e amplia crise humanitária no Líbano, dizem autoridades
Um massivo ataque aéreo israelense no centro de Beirute matou pelo menos 15 pessoas, segundo autoridades libanesas, no mais recente ataque à capital em meio à intensificação da campanha de Israel contra o Hezbollah.
O ataque ocorreu por volta das 04h00 (02h00 GMT) deste sábado (23), sem aviso prévio, e foi, segundo a mídia israelense, uma tentativa de assassinar um alto oficial do Hezbollah. A explosão foi ouvida e sentida em toda a cidade, destruindo ao menos um edifício residencial de oito andares no populoso distrito de Basta.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou o uso de uma bomba “bunker buster”, armamento que Israel já utilizou para eliminar líderes do Hezbollah, incluindo o ex-líder Hassan Nasrallah.
Durante todo o dia, equipes de emergência usaram máquinas pesadas para remover escombros e resgatar corpos.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 60 pessoas ficaram feridas, e o número de vítimas deve aumentar, já que testes de DNA estão sendo realizados em restos mortais recuperados.
“Foi uma explosão horrível. Todas as janelas e vidros caíram sobre mim, minha esposa e meus filhos. Minha casa agora é um campo de batalha”, disse Ali Nassar, de 55 anos, que vivia em um prédio próximo. Ele questionou: “Mesmo que uma pessoa esteja escondida aqui… é necessário destruir prédios com pessoas dormindo dentro? Somos humanos ou não?”
De acordo com a emissora pública israelense Kan, o alvo seria Mohammed Haydar, um alto oficial do Hezbollah.
No entanto, o parlamentar do Hezbollah Amin Sherri afirmou que nenhum líder do grupo estava no prédio atingido, e o destino de Haydar permanece incerto. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não comentaram o ataque.
Ainda no sábado, a IDF realizou novos bombardeios em Dahieh, área no sul de Beirute onde o Hezbollah tem sua base, alegando atingir prédios ligados ao grupo.
Ataques israelenses também atingiram o sul do Líbano, onde ocorre uma invasão terrestre, e o vale de Bekaa, região de forte presença do Hezbollah.
Escalada do conflito e negociações
Nas últimas duas semanas, Israel intensificou sua campanha contra o Hezbollah, movimento político e milícia apoiado pelo Irã, em meio a esforços internacionais por um cessar-fogo. Essa estratégia parece visar pressionar o grupo a aceitar um acordo.
Nesta semana, Amos Hochstein, enviado dos EUA, realizou conversas no Líbano e em Israel para avançar uma proposta americana. A proposta inclui um cessar-fogo de 60 dias, a retirada de tropas israelenses do sul do Líbano e a remoção da presença do Hezbollah na área.
O Exército libanês reforçaria a região com milhares de soldados extras.
No entanto, ainda há divergências, incluindo o cronograma para a retirada israelense e a criação de um mecanismo internacional para monitorar o acordo.
Tanto o Hezbollah quanto o Irã indicaram interesse em um possível acordo, segundo uma fonte libanesa.
O secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o grupo recebeu a proposta dos EUA, apresentou suas reservas e está permitindo que as negociações avancem para avaliar seus resultados.
Ele reiterou que o grupo exige o fim total das hostilidades e a preservação da soberania libanesa, mas alertou que está preparado para um conflito prolongado.
Impactos do conflito
Israel afirma que o objetivo da campanha contra o Hezbollah é permitir o retorno de cerca de 60.000 residentes deslocados no norte de Israel devido aos ataques do grupo.
No Líbano, o conflito já matou mais de 3.500 pessoas e desalojou mais de um milhão, de acordo com autoridades libanesas.
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