PF denunciou Bolsonaro por golpe, organização criminosa e atentado contra a democracia; investigação revela plano de assassinato de Lula e Alckmin, diálogos golpistas, e minuta de estado de sítio no TSE
A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sob suspeita de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O que está acontecendo
- Relatório enviado ao STF: A investigação da PF foi concluída e o relatório será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), indicando os crimes que os investigados podem ter cometido com base nas provas reunidas.
- Próximos passos: O ministro Alexandre de Moraes deve remeter o documento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que analisará as evidências para decidir se apresenta denúncia contra os envolvidos.
- Prazo para denúncia: A expectativa é que o procurador-geral, Paulo Gonet, apresente a denúncia apenas em 2024, devido à grande quantidade de provas e à complexidade do caso.
Contexto inédito
Pela primeira vez, um presidente eleito no período democrático é acusado de conspirar contra a democracia brasileira.
A investigação reuniu:
- Mensagens de celular.
- Vídeos e gravações.
- Depoimentos, incluindo a delação premiada de Mauro Cid.
- Documentos diversos.
Um dos principais elementos é a minuta de um decreto golpista para instaurar “estado de sítio” no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), além de um vídeo de reunião ministerial em que Bolsonaro afirma a necessidade de agir antes das eleições:
“Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil.”
Outros elementos da investigação
- Teor golpista: A PF resgatou diálogos e documentos que indicam o envolvimento de Bolsonaro com planos de golpe, corroborados por relatos de Mauro Cid.
- Comandantes militares: Ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica disseram que Bolsonaro apresentou a eles a minuta golpista. Apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria sinalizado apoio, mas ao depor na PF, Garnier permaneceu em silêncio.
- Plano de assassinato: Um HD apreendido com o general da reserva Mario Fernandes, preso pela PF, revelou um plano para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes. O documento detalha possíveis armas, cenários de reação popular e os riscos envolvidos.
- Auxiliares de Bolsonaro: A PF aponta que membros do círculo próximo de Bolsonaro ajudaram a difundir ataques às urnas eletrônicas, como parte de uma estratégia para questionar a legitimidade das eleições e fortalecer a narrativa golpista.
A investigação foi conduzida ao longo de um ano pela Diretoria de Inteligência da PF, consolidando um vasto conjunto de evidências sobre uma trama que envolvia líderes políticos, militares e auxiliares do governo Bolsonaro.
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