China sobe o tom contra os EUA após novo veto ao cessar-fogo em Gaza

Fu Cong, representante da China na ONU

A crescente tragédia humanitária em Gaza e a contínua obstrução dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU levaram a China a adotar uma postura mais contundente. O embaixador chinês na ONU, Fu Cong, condenou veementemente o quinto veto americano a uma resolução para o cessar-fogo, ressaltando o impacto devastador dessa decisão. Desde o primeiro veto, o número de mortos em Gaza cresceu de 3.000 para alarmantes 44.000, incluindo crianças, mães e chefes de família.

Em um discurso impactante, Fu Cong destacou a contradição entre as promessas diplomáticas americanas e sua prática de bloquear ações concretas no Conselho de Segurança. Ele questionou o valor atribuído às vidas palestinas e chamou atenção para a cumplicidade do veto no agravamento do desastre humanitário. “44.000 vidas não são apenas números; são histórias, famílias destruídas. Como isso não desperta nenhuma simpatia?”, questionou.

A postura chinesa reflete uma frustração global crescente diante da paralisia diplomática. Enquanto Israel continua violando leis humanitárias internacionais, a incapacidade do Conselho de agir torna-se insustentável. Para Fu Cong, a história julgará duramente tanto a complacência americana quanto o colapso moral do sistema internacional.

**Trecho do discurso de Fu Cong na ONU (traduzido para o português):**

“No futuro, quando olharmos para trás, as pessoas acharão difícil de acreditar.

Quando os Estados Unidos lançaram seu primeiro veto, em 18 de outubro do ano passado, quase 3.000 civis haviam sido mortos em Gaza.

Quando os Estados Unidos lançaram seu segundo veto, 17.000 pessoas já haviam sido mortas como resultado dos bombardeios israelenses.

Com o uso contínuo do veto, quando os Estados Unidos lançaram seu quinto veto, em 18 de abril deste ano, o número de mortos em Gaza havia disparado para 34.000.

Agora, quase 44.000 pessoas foram mortas em Gaza, e os Estados Unidos ainda não hesitam em usar seu veto.

44.000. Esse não é apenas um número. Por trás dele pode estar uma criança, uma mãe amamentando ou o provedor de uma família.

A perda de cada uma dessas vidas significa uma dor eterna para os parentes sobreviventes.

As pessoas não podem deixar de perguntar: as vidas palestinas não têm nenhum valor?

As mortes de 44.000 pessoas não conseguem despertar nem um pouco de simpatia dos Estados Unidos?

Quantas mais precisam morrer para que eles despertem desse fingimento de sono?

No futuro, quando olharmos para trás, as pessoas acharão difícil de entender.

O Conselho de Segurança tem o mandato, sob a Carta da ONU, de assumir a responsabilidade primária de manter a paz e a segurança internacionais.

É incompreensível que, no último ano ou mais, os Estados Unidos tenham sido tão insistentes em tornar o Conselho incapaz de cumprir seu papel, levando-o à paralisia.

Os Estados Unidos alegaram estar conduzindo esforços diplomáticos paralelos e prometeram repetidamente que avanços seriam feitos em breve nas negociações.

É incompreensível que, até hoje, as chamadas negociações diplomáticas estejam andando em círculos.

Por que Israel é permitido continuar suas operações militares enquanto apresenta constantemente novas condições para negociações?

No futuro, quando olharmos para trás, as pessoas certamente sentirão indignação.

Israel violou flagrantemente todas as linhas vermelhas do direito humanitário internacional, com suas ações causando um desastre humanitário sem precedentes.

Mas, mesmo quando a fome severa se espalha em Gaza, os Estados Unidos sempre parecem encontrar justificativas para defender Israel.

Isso representa uma distorção e um desrespeito seletivo na aplicação do direito humanitário internacional.

As pessoas nunca imaginaram antes até onde se poderia descer em termos de duplo padrão.

Não é de admirar que as pessoas sintam raiva.

Sua indignação também decorre do fato de que o fornecimento contínuo de armas pelos Estados Unidos se tornou um fator decisivo para a guerra durar tanto, causando tantas baixas e tanta destruição.”

Redação:
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