Em um movimento estratégico para fortalecer laços econômicos sem comprometer a autonomia geopolítica, Brasil e China anunciaram hoje uma nova parceria de investimentos, optando por não aderir formalmente à Iniciativa Cinturão e Rota, também conhecida como Rota da Seda.
O anúncio foi feito pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping em Brasília, durante uma visita de estado do líder chinês.
O projeto conjunto, delineado como uma alternativa à adesão plena à iniciativa chinesa, visa fomentar investimentos estratégicos em áreas prioritárias para o Brasil, mantendo flexibilidade nas decisões nacionais.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência, afirmou: “A gente quer a sinergia. Se para ter a sinergia eles têm que chamar de Cinturão e Rota, não tem problema. O que interessa são os projetos que têm essa sinergia”.
Desde o lançamento da Belt and Road Initiative em 2013, a China investiu mais de US$ 1 trilhão em projetos que conectam regiões globais.
Contudo, o Brasil, juntamente com a Colômbia e o Paraguai, tem se mantido distante de uma adesão formal, preocupado com possíveis interpretações de submissão a normas políticas externas e acordos que poderiam contrariar a legislação brasileira.
No cenário diplomático, a decisão brasileira foi precedida de intensas discussões sobre as implicações de um alinhamento mais próximo com a China, especialmente em relação às dinâmicas com outras potências como os Estados Unidos.
Um embaixador brasileiro, que preferiu manter o anonimato, comentou: “Quanto mais você se aproxima da China, mais deixa de ter apoio em outros cantos. O Brasil precisa calibrar suas atitudes para não se desacreditar junto a outros países”.
A parceria anunciada hoje prevê a execução de pelo menos 50 projetos bilaterais, com enfoque em infraestrutura, tecnologia e inteligência artificial.
Destaca-se entre as iniciativas o desenvolvimento de combustível de aviação sustentável e a expansão de rotas de transporte que integrem mais o Brasil aos seus vizinhos sul-americanos.
Além disso, foi proposto à China a criação de um fundo para recuperação de pastagens degradadas, reforçando a agenda ambiental do governo brasileiro.
Apesar das negociações ainda pendentes, como a venda de 20 aeronaves da Embraer para empresas chinesas, a expectativa é que essa parceria traga novos investimentos e impulsione significativamente as relações bilaterais.
Na esfera das relações internacionais, a posição do Brasil se destaca pelo esforço em manter uma política de não-alinhamento, buscando equilibrar suas interações com as grandes potências.
Em contrapartida às preocupações norte-americanas sobre os riscos dos investimentos chineses, que incluem alertas sobre a potencial “armadilha da dívida”, a Embaixada chinesa no Brasil respondeu às críticas classificando-as como “irresponsáveis”.
O presidente Lula reiterou a importância de manter uma postura cautelosa e equilibrada: “Não vamos fechar os olhos à Rota da Seda”, destacando a necessidade de uma avaliação minuciosa dos riscos e benefícios envolvidos. Este anúncio não apenas simboliza um passo significativo nas relações Brasil-China, mas também reafirma o compromisso brasileiro com uma política externa prudente e estratégica.
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