Analistas especulam como será a relação de Trump com a China

Então presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta presidente da China, Xi Jinping, durante reunião do G20 em Osaka, no Japão, em 2019 29/06/2019 REUTERS/Kevin Lamarque

Dois conhecidos analistas de geopolítica comentam sobre o que pode se esperar do novo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na relação com a China. O presidente Trump é conhecido por suas posições radicais, quase histéricas, contra a China, e está cercado de políticos igualmente sinofóbicos.

Os analistas Arnaud Bertrand e Adrian Vermeule discutem a possibilidade de uma relação inesperada de Trump com a China. Bertrand sugere que, devido à sua postura dura, Trump poderia alcançar um acordo com a China sem ser visto como “fraco”. No entanto, ele vê mais chances de uma divisão entre EUA e Europa, onde a Europa, em busca de autonomia estratégica, se distanciaria dos EUA, similar ao que a China fez em relação à URSS nos anos 1970.

Vermeule destaca que a dureza de Trump (comparável ao anti-comunismo de Nixon) pode abrir espaço político para acordos internacionais, já que sua reputação como linha-dura lhe permitiria negociar sem ser acusado de ceder.

Arnaud Bertrand (@RnaudBertrand), empresário:

“É verdade – se quisermos manter o otimismo, talvez esse seja o único ponto positivo de uma nova administração Trump com radicais anti-China: somente eles poderiam fechar um acordo com a China, já que nunca seriam acusados de serem ‘fracos com a China.’

A visão negativa é, claro, que desta vez, ao contrário da época de Nixon, a China é o principal alvo dos EUA, e não a URSS, então há menos incentivo geopolítico para se chegar a um acordo.

Se eu fosse um apostador, diria que o paralelo mais provável com Nixon hoje é que estamos mais propensos a testemunhar uma divisão entre EUA e Europa do que uma nova versão da divisão sino-soviética, com a China no papel de Nixon e a Europa no papel da China. Isso se deve ao fato de que a autonomia estratégica europeia está se tornando cada vez mais atraente e, assim como a China buscou independência da influência soviética nos anos 1970, a Europa pode hoje tentar traçar seu próprio caminho e finalmente se libertar da situação sombria em que se encontra há mais de 20 anos.”

Adrian Vermeule (@Vermeullarmine), professor de Direito em Harvard:

“Não esqueçam que ‘só Nixon poderia ir à China’ justamente porque Nixon era conhecido por ser um anti-comunista fervoroso. Se Tulsi Gabbard dissesse que a necessidade exige uma nova guerra, as pessoas tenderiam a acreditar nela, porque isso contrariaria suas inclinações conhecidas. Por outro lado, se Marco Rubio negociasse um acordo com a Rússia ou com a China, o acordo teria mais credibilidade, precisamente porque Rubio é conhecido como linha-dura. O efeito ‘Nixon na China’ cria mais espaço político doméstico para se alcançar acordos internacionais.”

Redação:
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