O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou novamente o anúncio de um aguardado pacote de cortes de gastos destinado a atender, mais uma vez, o novo teto de gastos elaborado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A expectativa da grande mídia e da Faria Lima era de que as medidas fossem divulgadas nesta sexta-feira, 8, e foi alimentada pelo próprio Haddad visando “acalmar” o mercado, especialmente após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA.
Durante a semana, Haddad indicou que as medidas estavam tecnicamente avançadas e poderiam ser anunciadas em breve.
“Em relação à Fazenda, tem várias definições que estão muito adiantadas. O presidente passou o final de semana, inclusive, trabalhando no assunto, pediu que técnicos viessem a Brasília para apresentar detalhes para ele”, disse Haddad.
“Acredito que estejamos prontos esta semana para anunciar [o pacote]”, afirmou em uma declaração anterior.
Contudo, uma reunião crucial na sexta-feira, que reuniu Lula e os ministros da Junta de Execução Orçamentária — Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviço Público) — além dos ministros de pastas afetadas pelos potenciais cortes, terminou sem um desfecho. Esta foi a terceira reunião apenas nesta semana sobre o tema.
A semana também foi marcada por várias reuniões sob a liderança de Rui Costa, envolvendo ministros cujas áreas seriam impactadas pelas medidas de austeridade.
Segundo fontes da Folha, há uma resistência significativa por parte dos responsáveis pelas áreas sociais do governo, que lutam para preservar benefícios e direitos administrados por suas pastas.
Apesar das múltiplas discussões e do otimismo inicial de Haddad, que inclusive postergou seu retorno a São Paulo esperando um desfecho positivo na sexta-feira, o pacote de cortes permanece em aberto. As propostas são analisadas não apenas sob a ótica fiscal, mas também considerando sua viabilidade política.
Entre as medidas em consideração, está a reestruturação do abono salarial, previsto para custar R$ 30,7 bilhões em 2025.
Outras propostas, como a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, foram descartadas devido ao alto custo político comparado ao benefício fiscal limitado.
Mudanças nos pisos de gastos com saúde e educação também foram vistas como pouco viáveis por razões similares.
As negociações continuam enquanto o governo avalia o impacto político e fiscal das diferentes opções, mantendo a comunidade econômica e política em expectativa.