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Setor industrial pressiona Campos Neto a não subir juros

Indústria pressiona: com visão “conservadora”, Banco Central ignora economia real e insiste em juros altos que travam crescimento A Confederação Nacional da Indústria (CNI) declarou nesta terça-feira (5) que o Banco Central não deveria elevar a taxa básica de juros, atualmente fixada em 10,75% ao ano. Para a CNI, um aumento na Selic reflete um […]

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A CNI argumenta que "o impulso dos gastos do governo sobre a atividade econômica tem caído ao longo do ano, o que tende a reduzir a pressão sobre a inflação" / Marcelo Camargo / Agência Brasil

Indústria pressiona: com visão “conservadora”, Banco Central ignora economia real e insiste em juros altos que travam crescimento


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) declarou nesta terça-feira (5) que o Banco Central não deveria elevar a taxa básica de juros, atualmente fixada em 10,75% ao ano. Para a CNI, um aumento na Selic reflete um “excesso de conservadorismo” da autoridade monetária.

“Considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses, a CNI estima que a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 8,4% a.a”, afirmou a Confederação. A entidade ressaltou que “a alta da Selic atrapalha o equilíbrio das contas públicas”.

Segundo a CNI, elevar a taxa de juros desfavorece o esforço fiscal, pois aumenta o custo da dívida pública.

Cada ponto percentual adicional na Selic implica aproximadamente R$ 40 bilhões ao ano em despesas com juros da dívida.

A CNI argumenta que “o impulso dos gastos do governo sobre a atividade econômica tem caído ao longo do ano, o que tende a reduzir a pressão sobre a inflação”.

Outro ponto fiscal relevante, segundo a CNI, é o compromisso do governo federal em reduzir gastos para 2025, com medidas que devem ser anunciadas em breve.

Isso seria um sinal positivo para uma sincronização entre as políticas monetária e fiscal.

A inflação atual estaria sendo impulsionada por fatores externos à política monetária. A média dos cinco principais núcleos de inflação, acumulada em 12 meses até setembro, ficou em 3,8%, comparada aos 4,3% até dezembro de 2023, conforme aponta a CNI.

A Confederação destaca que oscilações pontuais na inflação não devem desviar o foco da tendência captada pelos núcleos de inflação, que excluem do cálculo do IPCA os itens de preços mais voláteis.

Em relação aos aumentos do IPCA de setembro e do IPCA-15 de outubro, a CNI explica que eles estão associados aos preços da energia elétrica e de alimentos, ambos afetados por fatores conjunturais, especialmente as secas extremas, e não por fatores estruturais.

Esses eventos não mudam significativamente a tendência inflacionária e, portanto, não deveriam influenciar a decisão do Copom.

Para energia elétrica, a bandeira tarifária vermelha aplicada em setembro e outubro já foi alterada para amarela, o que, segundo a CNI, deve reverter a pressão inflacionária a partir de novembro.

Em setembro, a energia elétrica representou 48% da alta do IPCA, e em outubro, 39% da alta do IPCA-15.

A CNI também destacou o cenário global: uma elevação da Selic colocaria o Brasil na contramão da tendência mundial de redução de juros. Entre os países do G-20, somente a Rússia tem aumentado sua taxa de juros.

Em outubro, o Banco Central Europeu realizou o terceiro corte de juros do ano, reduzindo-os em 0,25 ponto percentual para 3,25% ao ano.

Nos Estados Unidos, há expectativa de que o Fed (banco central norte-americano) realize o segundo corte de 2024 na taxa de juros nesta semana, com previsão de mais um até o final do ano.

A CNI enfatiza que o movimento internacional de redução de juros é uma chance para o Brasil ajustar a Selic para baixo sem comprometer o diferencial de juros em relação a economias centrais, como os EUA, evitando assim pressões sobre o câmbio e a inflação.

A política monetária contracionista já perdura por 34 meses.

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