O Palácio do Planalto foi palco de intensas reuniões nos últimos dias, para tentar convencer ministros do pacote de corte de gastos defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As discussões, segundo informações da Coluna do Estadão, envolveram momentos de tensão entre ministros de áreas-chave, refletindo as divergências internas e o crescente receio de impactos negativos nas eleições de 2026.
Durante um dos encontros, houve um confronto mais acirrado entre o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ambos do PT, na presença do presidente Lula. A discussão teria girado em torno da falta de diálogo sobre mudanças nos programas de abono salarial e seguro-desemprego.
A reunião também revelou preocupações com cortes em áreas vitais como saúde, educação e previdência, levantando questões sobre a preservação da identidade social do governo Lula.
A insatisfação se estende ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, criticado por sua postura ríspida e alegada falta de diálogo com colegas, incluindo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Outro ponto de discórdia foi a possibilidade de alterações no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), expressa pelo ministro da Educação, Camilo Santana.
Esse debate interno espelha a divisão no partido entre uma ala que defende uma política fiscal mais rígida, liderada por Haddad, e outra que advoga por mais investimentos estatais, como sugerido pela ministra da Gestão, Esther Dweck.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também se pronunciou, alertando para o cuidado necessário na modernização do discurso do partido, e reiterando a importância de não desvincular o salário mínimo dos benefícios previdenciários.
No contexto internacional, a recente vitória de Donald Trump nas eleições americanas adicionou uma nova dimensão de preocupação, com o temor de que o fortalecimento das políticas conservadoras no exterior possa reforçar a oposição interna no Brasil.