O governo brasileiro está atento à possibilidade de Donald Trump reassumir a presidência dos Estados Unidos, uma situação que poderia reacender tensões entre os dois países, conforme relata a Folha. Essa preocupação surge em meio ao contexto das próximas eleições americanas, onde o ex-presidente republicano apresenta-se como candidato novamente.
Em declaração recente, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou apoio a Kamala Harris, atual vice-presidente dos EUA, mencionando sua preferência em virtude de uma oposição ao avanço de ideologias extremistas.
Lula chegou a relacionar uma possível eleição de Trump com um ressurgimento de movimentos autoritários globais.
“Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para governar bem o nosso país. Obviamente, estou torcendo para Kamala vencer as eleições”, afirmou Lula.
Um dos principais pontos de conflito em potencial, caso Trump seja eleito, seria a cooperação ambiental. Durante seu mandato anterior, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e apoiou abertamente a indústria de combustíveis fósseis.
Uma nova presidência de Trump poderia significar a continuação do bloqueio a fundos vitais para o Brasil, como o Fundo Amazônia, especialmente se o Congresso americano estiver sob controle republicano.
Outra questão delicada é a influência de Elon Musk, que tem se mostrado um aliado de Trump e recentemente teve desentendimentos com autoridades brasileiras. A presidente do Brazil Institute, Bruna Santos, alerta para possíveis complicações.
“Há articulações no Congresso dos EUA para questionar o Brasil sobre alegadas violações de liberdade de expressão, e isso deve ganhar força com Trump”, explicou Santos, indicando possíveis repercussões negativas para a diplomacia brasileira.
No âmbito geopolítico, a reeleição de Trump poderia também reconfigurar as alianças na América Latina. Analistas apontam que Trump pode buscar novos aliados regionais, como Javier Milei da Argentina e Nayib Bukele de El Salvador, o que poderia diminuir a influência de figuras políticas como o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Em relação ao conflito na Ucrânia, Trump já expressou intenções de reduzir o apoio militar e financeiro dos EUA ao país, o que alinha-se com a posição brasileira favorável a negociações de paz. No entanto, isso poderia acarretar uma política externa americana mais agressiva no Oriente Médio, potencialmente incentivando ações de Israel contra Gaza e o Líbano.
Diante desses cenários, a diplomacia brasileira adota uma postura pragmática, mantendo canais de diálogo abertos com ambos os candidatos até que os resultados das eleições sejam definitivos. Em caso de vitória de Kamala Harris, o Brasil espera uma continuação das políticas de Biden, com um diálogo mais alinhado aos valores democráticos e ambientais.
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