China enfrenta nova ofensiva dos EUA com regras para conter investimentos em tecnologia, alegando que Washington esgotou suas estratégias
O Ministério das Relações Exteriores da China expressou firme oposição nesta terça-feira (29) à recente iniciativa dos EUA de implementar regras para restringir investimentos em tecnologia na China, e prometeu tomar todas as medidas necessárias para proteger resolutamente os direitos e interesses legítimos do país.
Especialistas apontaram que a campanha de repressão tecnológica intensificada pelos EUA afetará as operações comerciais, especialmente das empresas americanas que planejam expandir no vasto mercado chinês. No entanto, não deterá o avanço da inovação tecnológica independente da China.
O Departamento do Tesouro dos EUA emitiu na segunda-feira, horário local, uma regra final para implementar uma ordem executiva sobre investimentos dos EUA em tecnologias de segurança nacional em países considerados preocupantes. O presidente dos EUA, Joe Biden, identificou a China, incluindo a Região Administrativa Especial de Hong Kong (HKSAR) e a Região Administrativa Especial de Macau, como países alvo. Tecnologias como semicondutores, microeletrônica, informação quântica e inteligência artificial (IA) foram listadas na ordem.
“A Administração Biden-Harris está comprometida em proteger a segurança nacional dos Estados Unidos e manter tecnologias avançadas críticas fora do alcance de quem possa usá-las para ameaçar nossa segurança”, afirmou Paul Rosen, Secretário Assistente de Segurança de Investimentos.
As regras, inicialmente propostas em junho e direcionadas por uma ordem executiva de Biden em agosto de 2023, entrarão em vigor em 2 de janeiro de 2025 e serão administradas pelo Escritório de Transações Globais.
Comentando sobre a ação dos EUA, Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, destacou em uma entrevista coletiva nesta terça-feira que a China expressa forte insatisfação e oposição às restrições de investimento, e tomará todas as ações necessárias para proteger seus direitos e interesses legítimos.
Um porta-voz da RAEHK criticou os EUA por mirar a China e sua região sob pretextos políticos, alertando que isso prejudicará o livre mercado e afetará o superávit comercial dos EUA com Hong Kong. O porta-voz destacou que as restrições não apenas interrompem o comércio entre a RAEHK e os EUA, mas também afetam a estabilidade da cadeia de suprimentos global.
Gao Lingyun, especialista da Academia Chinesa de Ciências Sociais em Pequim, afirmou que os EUA utilizam a segurança nacional como desculpa para suprimir o desenvolvimento da China. Embora a ordem mencione “países preocupantes”, a China foi especificamente apontada, deixando claras as intenções dos EUA.
Desde restrições a compras de tecnologia até limitações no fluxo de capital, os EUA têm seguido uma estratégia sistemática para conter a China, disse Ma Jihua, observador da indústria de telecomunicações. Ele acrescentou que as medidas não impedirão a inovação independente da China, que já avançou em áreas como tecnologia quântica e IA.
O mercado faz a escolha
Apesar das restrições dos EUA, algumas empresas americanas continuam a expandir no mercado chinês. Na segunda-feira, a fabricante de chips Intel anunciou a expansão de sua instalação em Chengdu, província de Sichuan, visando melhorar a eficiência das cadeias de suprimentos locais.
Na sexta-feira, o Ministro do Comércio da China, Wang Wentao, reuniu-se com o CEO da Apple, Tim Cook, que destacou o papel da China no crescimento da empresa, prometendo aumentar o investimento em P&D e na cadeia de suprimentos.
Ma afirmou que, diferentemente dos políticos americanos, que veem a contenção da China como ferramenta de influência, o setor empresarial entende a complementaridade das economias chinesa e americana. Gao ressaltou que a imposição de restrições distorcerá o fluxo de mercado e impactará as relações econômicas entre China e EUA.
Gao alertou que, uma vez implementadas as restrições, empresas dos EUA perderão um dos mercados mais dinâmicos no curto prazo, e incentivou os EUA a ouvir a comunidade empresarial, evitando o unilateralismo.
Com informações do Global Times*