Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza no último domingo, garantindo 50,38% dos votos válidos, uma margem estreita de apenas 10 mil votos sobre seu adversário, André Fernandes (PL), que obteve 49,62%.
Essa eleição representa um ponto de inflexão significativo para o Partido dos Trabalhadores (PT), que agora controla a prefeitura da única capital brasileira sob sua gestão.
A disputa acirrada em Fortaleza também sinaliza uma resistência crescente ao bolsonarismo na região, destacada pela associação de Fernandes com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante uma entrevista concedida à Folha, Leitão discutiu a necessidade de o PT revisar suas estratégias de comunicação e fortalecer o diálogo com setores como a juventude e as igrejas, com o objetivo de conter a ascensão da direita.
Ele enfatizou a importância de uma comunicação mais eficaz para alcançar esses grupos. “Temos que saber dialogar melhor e se comunicar com essas pessoas”, afirmou.
“No segundo turno, todas as demais forças se juntaram ao André. Temos que refletir sobre aquilo que a gente pode melhorar, sobretudo em nossa comunicação com a juventude e com as igrejas”, emendou.
Leitão também abordou a necessidade de unificação da cidade após uma campanha marcada por divisões, comprometendo-se a ser um prefeito para todos os cidadãos, independentemente de terem votado nele ou não, e a estar aberto para receber críticas e sugestões.
“Não serei um prefeito apenas para os eleitores que votaram em mim, mas para todos. Estarei completamente aberto para receber críticas, dialogar e construir políticas públicas para quem mais precisa”, disse o prefeito eleito.
Leitão planeja iniciar sua gestão com ações concretas, como a eliminação da taxa de lixo, prometida durante sua campanha. A segurança pública e a saúde são outras áreas prioritárias.
Ele anunciou planos para integrar a Guarda Municipal com outros órgãos de segurança para combater a violência de maneira estratégica e preventiva, além de reestruturar os serviços de saúde da cidade, aumentando o número de médicos e insumos disponíveis.
No campo da educação, Leitão propôs várias iniciativas, como a expansão das escolas de tempo integral e a abertura de escolas aos finais de semana.
Além disso, ele mencionou a criação de um programa de poupança municipal para estudantes do 9º ano, reforçando o compromisso com a melhoria da qualidade educacional em Fortaleza.
A influência de Camilo Santana, atual ministro da Educação e destacada liderança política do Ceará, também foi reconhecida por Leitão como um fator decisivo em sua eleição. Evitando especulações, ele apenas ressaltou a importância de Santana tanto no contexto estadual quanto nacional.
No que se refere ao processo de transição, Leitão garantiu que será tranquilo e natural, e expressou sua intenção de restabelecer alianças com o PDT, apesar dos recentes atritos entre os partidos. Ele se comprometeu a dialogar e colaborar em prol da cidade.
Com um background em economia e direito e experiência prévia como secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social no governo de Cid Gomes, além de sua atuação na Assembleia Legislativa do Ceará, Leitão agora enfrenta o desafio de liderar uma cidade profundamente polarizada, com a promessa de promover paz e avanços significativos nas áreas de segurança, saúde e educação.