A responsabilidade de Netanyahu na morte de milhões de árabes, desde a guerra no Iraque

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (à esquerda), cumprimenta o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após uma coletiva de imprensa conjunta, em 30 de janeiro de 2023, em Jerusalém. (Foto de DEBBIE HILL / POOL / AFP)

Jeffrey Sachs, economista e professor da Universidade de Columbia, destacou em entrevista ao podcast Judge Freedom o papel de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, nas guerras e conflitos que resultaram na morte de milhões de árabes desde a invasão do Iraque. Sachs afirmou que Netanyahu não só apoiou, mas também incentivou as principais campanhas militares que desestabilizaram o Oriente Médio, causando danos massivos à vida e à infraestrutura de várias nações árabes.

Sachs iniciou seu argumento apontando Netanyahu como um dos principais defensores da guerra do Iraque. Segundo ele, a decisão de invadir o país, que custou trilhões de dólares e resultou em inúmeras mortes, foi amplamente influenciada por pressões do lobby israelense e pelo próprio Netanyahu, descrito por Sachs como o “grande líder de torcida” dessa guerra. Sachs também acusou Netanyahu de defender a derrubada do governo sírio, o que levou o país a uma guerra civil devastadora que continua a gerar sofrimento e desestabilização.

A crítica de Sachs não se limitou ao Iraque e à Síria. Ele afirmou que Netanyahu há anos incentiva uma guerra com o Irã, descrevendo essa expectativa como algo que Netanyahu “desesperadamente quer” ver realizado em breve. Para Sachs, o desejo de Netanyahu por essa guerra é claro e iminente, evidenciado por suas tentativas contínuas de obter apoio para ataques que poderiam desencadear um desastre regional, com consequências imprevisíveis para Israel e para o mundo.

Outro ponto abordado por Sachs foi a violência em Gaza e no Líbano. Ele destacou a destruição contínua e sistemática realizada por Israel em Gaza, com bombardeios a casas, hospitais, clínicas e outras infraestruturas essenciais. “Onde está a civilização ocidental quando Israel está massacrando dezenas de milhares de pessoas diante de nossos olhos?”, questionou Sachs, que ainda mencionou ataques israelenses em várias regiões do Líbano, incluindo Beirute e o porto de Tyre. Sachs vê essas ações como uma intensificação dos planos de Netanyahu, que agora considera expandir o conflito para o Irã.

Sachs enfatizou que Netanyahu, no entanto, não seria capaz de concretizar essa expansão militar sem o apoio dos Estados Unidos. “É claro que ele não pode fazer isso, a não ser que os Estados Unidos entrem em guerra com o Irã, o que seria um desastre total,” afirmou. Segundo ele, enquanto Netanyahu defende esses ataques, os EUA financiam e fornecem o suporte necessário para que Israel continue sua campanha militar. Para Sachs, essa relação de apoio incondicional dos EUA contradiz os valores ocidentais, que, segundo ele, são comprometidos pelo apoio a essas ações israelenses.

Sachs compartilhou que o mundo observa com crescente ceticismo a postura dos EUA frente ao que ele descreve como um “genocídio em Gaza”. Segundo ele, a linguagem internacional se molda em torno da falta de vontade dos Estados Unidos de controlar as ações de Israel, apesar de tudo o que Israel faz depender do suporte militar, financeiro e político de Washington. “Bombas, sistemas de armas, financiamento. Tudo isso vem dos EUA,” afirmou Sachs, acrescentando que a operação israelense em Gaza e no Líbano é sustentada e apoiada pelos Estados Unidos, enquanto a Europa mantém um silêncio cúmplice.

O economista relatou que é frequentemente questionado por pessoas ao redor do mundo sobre o papel dos EUA no apoio a Israel. “Perguntam-me o tempo todo: o que o seu governo está fazendo? Como ele pode ficar parado quando Israel está cometendo esses crimes?” Para Sachs, a questão expõe o que ele considera um “profundo fracasso da política americana”, em que o próprio Netanyahu é aplaudido de pé no Congresso dos EUA, que, segundo ele, é amplamente influenciado pelo lobby israelense.

Sachs expressou frustração com a recepção calorosa que Netanyahu recebe nos EUA, especialmente após as guerras que ele ajudou a fomentar. “Depois da guerra do Iraque, depois de todas as guerras para as quais ele nos levou, das mortes em massa que causou, da perda maciça de vidas, ele ainda recebe aplausos no Congresso dos EUA,” criticou Sachs. Para ele, esse apoio revela uma falta de responsabilidade por parte dos líderes americanos e uma recusa em reconhecer o impacto destrutivo das políticas incentivadas por Netanyahu no Oriente Médio.

A análise de Sachs também sugere que a instabilidade gerada pelas políticas de Netanyahu não se limita apenas ao Oriente Médio, mas afeta diretamente o papel dos EUA no cenário global. Para ele, a aliança incondicional entre os EUA e Israel, apesar das consequências humanas devastadoras dessas guerras, coloca em questão a credibilidade dos valores e princípios que os EUA dizem representar no mundo. Ele vê no apoio a Netanyahu um sintoma de uma política externa americana que se afasta de um compromisso genuíno com os direitos humanos e a paz global.

Em suas palavras, Sachs traça um retrato do papel de Netanyahu e do apoio americano nas crises que assolaram e continuam a afetar o Oriente Médio. Ao destacar a “cumplicidade” dos EUA nas ações de Israel, ele questiona se os princípios ocidentais ainda possuem força moral ou se foram comprometidos pela influência de lobbies poderosos. A responsabilidade que ele atribui a Netanyahu e aos EUA reflete uma crítica não apenas às ações militares, mas a uma política que, para ele, coloca interesses políticos acima da vida de milhões.

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