Brasil deve aderir Cinturão e Rota da China; entenda

Fortalecer os laços com a China e outras nações é uma “oportunidade para superar barreiras comerciais” que têm sido impostas ao Brasil / Ricardo Stuckert / PR

Brasil pode expandir mercado global e atrair bilhões: ministro da Agricultura defende aliança com China para combater barreiras comerciais dos EUA e UE!


O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil deveria considerar a adesão à Iniciativa do Cinturão e Rota da China como forma de enfrentar as medidas protecionistas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A proposta tem gerado divisões internas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca atrair novos investimentos para a maior economia da América Latina.

A possibilidade de se unir ao principal programa global de comércio e infraestrutura da China tem provocado intensos debates dentro do governo de Lula, com alguns ministros defendendo que essa parceria é essencial para atrair investimentos em larga escala, enquanto outros temem que isso possa comprometer as relações diplomáticas já estabelecidas com os EUA e a UE.

Durante o evento Bloomberg New Economy no B20 em São Paulo, nesta terça-feira (22), Fávaro argumentou que o Brasil pode integrar-se à iniciativa chinesa sem “criar disputas com ninguém”. “Precisamos manter um ótimo relacionamento com os Estados Unidos e a União Europeia, mas também é essencial combater algumas medidas protecionistas por meio da expansão de parcerias comerciais”, declarou. Ele acrescentou que fortalecer os laços com a China e outras nações é uma “oportunidade para superar barreiras comerciais” que têm sido impostas ao Brasil.

Lula, por sua vez, está cada vez mais no centro de uma competição global intensa entre as duas maiores economias do mundo, enquanto busca atrair investimentos externos para impulsionar a economia brasileira, desenvolver a infraestrutura e apoiar seus planos de transição verde.

Fávaro tem sido um dos principais atores nas tentativas de Lula de estreitar os laços com a China. No ano passado, ele liderou uma delegação de executivos do agronegócio até o país asiático, com o objetivo de ampliar a cooperação agrícola entre as duas nações. Como resultado, o Brasil assinou acordos para exportar mais carne bovina e outros produtos para o gigante asiático desde então.

O ministro também informou que o Brasil está em negociações para obter aprovação de Pequim para que mais frigoríficos possam exportar para a China. Segundo ele, estão em andamento tratativas para autorizar entre 10 e 15 novas instalações de carne bovina, de frango e de porco. Fávaro mencionou que um anúncio oficial pode ser feito já no próximo mês, durante a reunião do Grupo dos 20 no Brasil.

Fávaro tem sido um dos principais atores nas tentativas de Lula de estreitar os laços com a China / Imagem: Canal Gov

Enquanto isso, os EUA e o Brasil continuam em uma disputa histórica por proteções para o etanol e outros produtos, competindo pela supremacia global na exportação de commodities como soja, milho e algodão.

No mesmo evento, o vice-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jonathan Finer, reconheceu o aumento da competição com a China, mas negou que os EUA estejam perdendo influência na região. “Esta é uma região que tomará suas próprias decisões econômicas e comerciais, assim como decisões sobre parcerias de segurança”, disse Finer em entrevista ao editor-chefe da Bloomberg, John Micklethwait. “E os Estados Unidos respeitam plenamente a soberania dos países da região e a sua capacidade de decidir o que é melhor para o seu futuro.”

Sob o comando do presidente Joe Biden, Finer afirmou que os EUA “reverteram” a narrativa de que o país estaria “perdendo terreno para a China como potência econômica, de que a influência dos Estados Unidos estaria diminuindo no mundo e que a influência da China estaria aumentando”.

Recentemente, uma lei histórica da União Europeia voltada para o combate ao desmatamento global gerou atritos entre o Brasil e a UE. O país sul-americano, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, criticou os planos europeus por temer que eles prejudiquem os agricultores e as exportações brasileiras.

Diante da pressão de países produtores de commodities e líderes do setor, a Comissão Europeia decidiu adiar a implementação da lei no início deste mês. No entanto, Fávaro reafirmou a oposição do Brasil à medida durante o evento, afirmando que ela foi elaborada “unilateralmente” e que ignorou a “soberania de outras nações”.

“O Brasil jamais concordará com essa lei”, declarou ele enfaticamente.

Com informações da Bloomberg*

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