Defesa de Taiwan alerta: bloqueio chinês seria ato de guerra e afetaria comércio global; tensão no Estreito aumenta com exercícios militares
A tensão no Estreito de Taiwan voltou a aumentar após a China realizar, na semana passada, exercícios militares simulando um bloqueio da ilha. Segundo o ministro da Defesa de Taiwan, Wellington Koo, um bloqueio real seria um ato de guerra e teria impactos graves para o comércio internacional. “Um verdadeiro bloqueio chinês a Taiwan teria consequências de longo alcance para a comunidade global”, afirmou Koo, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (23).
Nos últimos cinco anos, a China tem intensificado suas atividades militares ao redor de Taiwan, que Pequim considera parte de seu território, encenando exercícios que simulam bloqueios e ataques a portos. O governo de Taiwan rejeita essas reivindicações e reforça suas defesas para se proteger. Nos últimos jogos de guerra, denominados “Joint Sword-2024B”, foram simulados ataques a alvos marítimos e terrestres, sem a imposição de zonas de exclusão aérea ou de navegação, conforme explicou Koo.
De acordo com o ministro, o direito internacional estabelece que um bloqueio efetivo impediria a entrada de qualquer aeronave ou navio em uma área, o que, segundo as resoluções da ONU, seria classificado como um ato de guerra. “Exercícios são bem diferentes de um bloqueio real, assim como o impacto que teriam na comunidade internacional”, destacou Koo. Ele ainda enfatizou que o impacto não se limitaria a Taiwan, pois um quinto do frete global passa pelo Estreito de Taiwan, uma rota estratégica para o comércio mundial.
Taiwan se prepara para bloqueio, mas enfrenta desafios
Em resposta ao cenário de ameaça, Taiwan está delineando planos para se preparar para um possível bloqueio, incluindo estoques de alimentos. No entanto, Koo apontou que o gás natural liquefeito (GNL) é uma preocupação particular, já que o país possui atualmente reservas para apenas oito dias. O funcionário do Ministério da Economia, Hu Wen-chung, declarou que há planos para estender esse período para 14 dias até 2027. Como medida emergencial, usinas de carvão desativadas podem ser reativadas para garantir o fornecimento de energia.
Atividades militares continuam no estreito
Mesmo após o término dos exercícios, a atividade militar chinesa no Estreito de Taiwan não cessou. O Ministério da Defesa de Taiwan informou que um grupo de porta-aviões chinês navegou pelo estreito, movendo-se para o norte após passar pelas Ilhas Pratas, controladas por Taiwan. O grupo era liderado pelo Liaoning, o mais antigo dos porta-aviões chineses, e foi avistado na terça-feira à noite, sendo monitorado pelas forças taiwanesas. As Ilhas Pratas estão localizadas no extremo norte do Mar da China Meridional.
O Ministério da Defesa da China não respondeu a um pedido de comentário. No entanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que, como Taiwan é território chinês, “não há nada mais normal do que porta-aviões chineses operando em seu próprio território e águas”.
Tensões crescem com operações do Liaoning
O porta-aviões Liaoning esteve envolvido nos exercícios militares chineses na semana passada, realizando operações próximas à costa sudeste de Taiwan e lançando aeronaves de seu convés. Em resposta, Taiwan monitorou de perto os movimentos do porta-aviões, reafirmando sua prontidão defensiva. Recentemente, o Japão relatou que o mesmo porta-aviões entrou nas águas contíguas ao país, elevando as tensões na região.
A China tem navegado seus porta-aviões pelo Estreito de Taiwan repetidamente, inclusive em dezembro, pouco antes das eleições em Taiwan. Pequim insiste que possui jurisdição exclusiva sobre a hidrovia de quase 180 km de largura, um ponto crucial para o comércio internacional. No entanto, Taiwan e os Estados Unidos contestam essa alegação, afirmando que o Estreito de Taiwan é uma hidrovia internacional.
Aliados desafiam reivindicações chinesas no estreito
A Marinha dos Estados Unidos navega regularmente pelo estreito para afirmar o direito à liberdade de navegação, e outras nações aliadas, como Canadá, Alemanha e Grã-Bretanha, também têm realizado missões semelhantes, para o desagrado de Pequim. Essas ações refletem um esforço conjunto para contestar as reivindicações territoriais chinesas e garantir o livre comércio na região.
Taiwan alerta sobre uso da guarda costeira pela China
Taiwan expressou preocupações específicas em relação ao uso da guarda costeira chinesa durante os recentes exercícios militares, temendo que navios civis taiwaneses possam ser abordados e inspecionados enquanto Pequim tenta afirmar sua autoridade legal no estreito. Em um relatório ao parlamento, a guarda costeira de Taiwan declarou que, se tal situação ocorrer, seus navios responderão sob o princípio de “nem provocar nem recuar”, utilizando “todas as suas forças” para impedir tais atos.
Com informações de Agências de Notícias*