Sputnik – Ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira conversa com jornalistas após chegada a Kazan para participação na Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS. Imbuído da tarefa de representar o presidente Lula em reuniões de alto nível, Vieira revelou a pauta prioritária para o Brasil no encontro.
Nesta terça-feira (21), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou na cidade russa de Kazan, onde chefiará a delegação brasileira na Cúpula de Chefes de Estado do BRICS. Principal autoridade brasileira presente na Rússia, Vieira terá o desafio de substituir Lula em reuniões a nível de Chefe de Estado.
A expectativa para a chegada do ministro era alta, dado o cancelamento infortúnio da participação do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no evento. Após sofrer acidente doméstico, Lula foi aconselhado pela sua equipe médica a evitar viagens aéreas de longa duração. Apesar do revés, o presidente Lula passa bem.
Incumbido de tarefa não trivial de substituir o presidente da República em reuniões que contarão com a presença de líderes como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, o ministro negou que o peso de sua participação tenha mudado com o cancelamento da participação de Lula.
“A participação do Brasil é sempre igual. O presidente Lula infelizmente não pôde estar presente e pediu que eu representasse. E vamos tratar então dos próximos passos dos BRICS a partir de amanhã”, disse Vieira.
Acompanhado do embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, o ministro Mauro Vieira elencou os principais temas a serem tratados na Cúpula do BRICS, como a entrada de novos parceiros na agremiação, o ritmo de expansão do bloco e as modalidades de entrada.
Representantes das chancelarias dos países do BRICS estão reunidos em Kazan há cinco dias para debater a criação de possível categoria de membro parceiro do bloco. Os diplomatas debatem quais seriam as prerrogativas dos membros parceiros e o seu grau de envolvimento nas atividades do BRICS.
Ainda que a criação da categoria de membro parceiro seja dada como certa, ainda há debate acerca da inclusão de novos membros durante a Cúpula de Kazan. Indagado sobre a posição do Brasil acerca de uma nova rodada de expansão do grupo, o chanceler brasileiro respondeu que “isso será debatido pelos chefes de Estado”.
De acordo com o Itamaraty, o Brasil defende que a admissão de novos países ao BRICS obedeça a uma série de critérios, já aplicados durante a expansão realizada em 2024, como resultado da Cúpula de Chefes de Estado de Joanesburgo, na África do Sul. Na ocasião, o apoio a uma reforma abrangente do Conselho de Segurança da ONU foi colocado pelo Brasil como prerrogativa para a adesão de novos países ao bloco.
Outro critério caro à diplomacia brasileira é o equilíbrio geográfico. Atualmente, há presença significativa de países euroasiáticos no BRICS e uma sub-representação da América Latina, que conta somente com o Brasil como membro pleno do grupo. De acordo com o Portal UOL, o Brasil considera a adesão de parceiros regionais como Cuba ou Bolívia para sanar essa assimetria geográfica. Em resposta à pergunta sobre a viabilidade da candidatura da Venezuela, o ministro Vieira notou que todos os países que apresentaram candidatura têm chance de serem integrados no bloco.
Quando perguntado pela Sputnik Brasil sobre a possibilidade de debates acerca do conflito na Ucrânia, o ministro Mauro Vieira disse que “o tema aqui é a cooperação dos BRICS”.
Na capacidade de principal autoridade brasileira no evento, o ministro Vieira cumprirá toda a agenda da Cúpula dos Chefes de Estado nos dias 22 e 23 de outubro. No dia 24, o chanceler participará dos encontros com países convidados no formato BRICS+, como Turquia, Azerbaijão, Armênia e Bolívia. A Sputnik Brasil está presente em Kazan e providenciará cobertura completa dos eventos.