Eleição dos EUA se aproxima e promete sacudir Wall Street: Kamala Harris vs. Donald Trump traz volatilidade e tensão ao mercado financeiro!
Um dos principais eventos do ano — a eleição presidencial dos EUA marcada para 5 de novembro — está se aproximando rapidamente. Para Wall Street, a disputa entre a vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata, e o ex-presidente e indicado republicano Donald Trump, aumenta a volatilidade em um momento em que a incerteza sobre taxas de juros, mercado de trabalho e conflitos na Europa e no Oriente Médio já está testando o nervosismo dos investidores.
Apesar de as pesquisas indicarem uma disputa acirrada entre os dois candidatos, essa incerteza ainda não abalou o mercado. O índice S&P 500 tem subido consistentemente ao longo do ano, atingindo 47 máximas recordes em 2024, e há especulações de que as ações possam receber um impulso adicional após a eleição, conforme padrões históricos.
No entanto, o caráter imprevisível desta eleição, que muitos consideram uma verdadeira incógnita, está dificultando para os traders preverem o que pode acontecer. Isso tem gerado grande interesse em sites de apostas, como o PolyMarket e o PredictIt, onde Trump aparece como favorito. A partir do final de setembro, os índices que monitoram as estratégias de negociação vinculadas à vitória de cada partido, mantidos pelo Goldman Sachs Group Inc., mostram uma ascensão para a cesta republicana e um declínio para a cesta democrata.
O que mostram os dados históricos sobre anos eleitorais
Historicamente, os anos eleitorais têm sido positivos para o mercado de ações dos EUA. O S&P 500 subiu em quase todos os anos eleitorais desde 1960, com exceções apenas em 2000 e 2008, períodos marcados pela bolha das pontocom e pela grande crise financeira, respectivamente. Recentemente, os ciclos eleitorais têm mostrado ainda mais força, com o índice subindo pelo menos 10% nos anos de 2012, 2016 e 2020.
Analisando mais de perto os últimos sete meses de cada ano eleitoral, desde 1950, o S&P 500 subiu em 16 das últimas 18 eleições presidenciais, de acordo com dados do Stock Trader’s Almanac. As exceções foram os anos de 2000, quando o resultado eleitoral demorou 36 dias para ser decidido, e 2008, durante a crise financeira.
Em relação a outros ativos, como títulos e o dólar, não existe um padrão claro para os anos eleitorais. O US Dollar Index (DXY), que mede o valor do dólar frente às principais moedas, subiu em três dos últimos seis anos eleitorais e caiu nos outros três.
O risco de uma eleição disputada ou contestada
Existe uma possibilidade razoável de que o resultado das eleições não seja claro imediatamente após o Dia da Eleição. Especialistas apontam para o risco de um resultado eleitoral contestado ou apertado, o que pode aumentar a volatilidade nos mercados e até mesmo interromper o ritmo ascendente do mercado de ações.
Um cenário similar aconteceu em 2000, durante a recontagem dos votos na Flórida, quando o S&P 500 caiu mais de 4%, os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos caíram 52 pontos-base, e os preços do ouro subiram, com os investidores buscando ativos seguros.
Além disso, a possibilidade de que a eleição termine em uma disputa prolongada ou até mesmo em violência política é algo que os investidores estão levando em consideração. Caso isso ocorra, é provável que as ações caiam, principalmente se houver incerteza quanto ao resultado final.
O que o “índice de medo” está indicando
Qualquer evento importante que possa afetar a economia tende a gerar volatilidade nos mercados, e as eleições presidenciais não são uma exceção. O Índice de Volatilidade da Bolsa de Chicago (VIX), também conhecido como o “índice de medo” de Wall Street, geralmente sobe à medida que se aproxima o dia da eleição e depois recua quando a votação é concluída.
Dados sobre opções sugerem que os traders estão precificando um movimento de cerca de 1,8% para o S&P 500 no dia 6 de novembro, um dia após a eleição, segundo estrategistas do Barclays. Da mesma forma, o mercado de títulos também costuma precificar maior volatilidade antes das eleições, mas tende a se estabilizar depois. O Índice MOVE, que mede a volatilidade no mercado de títulos, subiu em média 4 pontos em outubro durante os anos eleitorais desde 1988, e caiu 7 pontos em novembro. O mercado de opções sugere que os investidores esperam uma movimentação de 18 pontos-base nos Treasuries logo após a eleição, conforme análises de Harley Bassman, sócio-gerente da Simplify Asset Management.
Questões principais para investidores
As questões chave para os investidores nas eleições de 2024 incluem impostos, comércio e imigração.
Impostos: Trump se comprometeu a reduzir a taxa de imposto corporativo de 21% para 15%, além de prometer tornar permanente a reforma tributária de 2017. Harris, por outro lado, está pressionando por um aumento da taxa para 28%, mantendo a taxa atual para aqueles que ganham menos de US$ 400.000.
Comércio e tarifas: Trump defendeu a aplicação de uma tarifa geral entre 10% e 20% sobre produtos importados, com ênfase especial nos bens chineses. Harris, embora não seja branda com a China, não vê vantagem em um rompimento comercial maior entre as duas maiores economias do mundo.
Imigração: Trump pretende intensificar a deportação de imigrantes indocumentados, enquanto Harris apoia um acordo de imigração que incluiria a construção de barreiras adicionais na fronteira sul. No entanto, os democratas também implementaram restrições aos pedidos de asilo para alguns migrantes que chegam aos EUA.
Ativos a serem observados se Harris vencer
Uma vitória de Harris beneficiaria setores ligados à energia limpa, como fabricantes de veículos elétricos e empresas de energia renovável. Nomes como Tesla Inc., Sunrun Inc. e First Solar Inc. provavelmente se sairiam bem. Além disso, construtoras como DR Horton Inc. e KB Home poderiam ganhar com incentivos fiscais propostos por Harris para compradores de casas pela primeira vez.
No entanto, setores como o financeiro e fabricantes de medicamentos podem enfrentar maior pressão regulatória.
Ativos a serem observados se Trump vencer
Por outro lado, uma vitória de Trump pode favorecer empresas de petróleo e energia tradicional, como Exxon Mobil Corp. e Chevron Corp.. Além disso, ações de defesa e segurança, como Lockheed Martin Corp. e Smith & Wesson Brands Inc., devem se beneficiar da prioridade republicana em gastos militares e políticas rígidas de imigração.
Seus planos para o setor de criptomoedas também têm atraído atenção, com empresas como Coinbase Global Inc. e Riot Platforms Inc. possivelmente sendo favorecidas.
Em meio a essa disputa eleitoral, Wall Street permanece cautelosa, com investidores relutantes em fazer grandes apostas antes de 5 de novembro. A volatilidade deve continuar a dominar o mercado, com tarifas e a economia global entre as maiores preocupações.
Com informações de Agências de Notícias