Durante uma entrevista recente para a coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), expressou preocupações com a falta de um projeto de futuro consistente por parte da esquerda brasileira.
Haddad questionou o surgimento de lideranças com grande apoio popular, apesar de não identificar os políticos especificamente. Ele indicou que tais lideranças são da direita, perguntando: “De onde saiu essa pessoa? Como é que essa pessoa tem 30% dos votos?”
Haddad também discutiu a perspectiva que ele considera distópica adotada pela extrema direita, contrastando-a com a falta de um “horizonte utópico” que, segundo ele, deveria guiar as pessoas: “Quando você não tem um horizonte utópico que guia as pessoas, você tem um horizonte distópico. E a extrema direita é distópica”.
O ministro enfatizou a necessidade de uma introspecção mais profunda na esquerda, mencionando que há uma dívida no que tange a formulação teórica e ousadia nas reflexões sobre as possibilidades de ação política: “É preciso fazer uma reflexão séria. E eu penso que a esquerda está se devendo a isso.”
Ademais, Haddad abordou a crise que percebe no liberalismo, descrevendo a situação atual como dominada por uma “direita iliberal” que, no Brasil, age com “requintes de crueldade” devido ao patrimonialismo arraigado.
Ele criticou as privatizações em curso, afirmando que estas ocorrem enquanto “grupos organizados tentam abocanhar fatias do Estado”, e que essas ações têm o apoio de muitos.
Ligeiro
19/10/2024 - 10h26
Haddad falando um óbvio que já vem a muito tempo sendo dito por alguns como Orlando Calheiros por exemplo – como as comunidades em periferias cresceram de forma que não tem o progressismo como referência, mas sim o monetarismo – o dinheiro paga as contas, o dinheiro paga o pedreiro, o carpinteiro, o mecânico, o dono da adega, da mercearia e do ponto de drogas e do jogo do bicho. Não é marx que domina as periferias, mas sim a nota de real e as letras de funk se vangloriando do poder disso.
Não adianta a esquerda posar de “virtuosa”, e no final ignorar que parte da própria esquerda – a que está nas redes e tem condições de digitar em um celular – ainda tem algum conforto. E não é digitando no celular e reclamando em comentários ou fazendo longos ensaios sobre banalidade do mal que vai fazer as pessoas se tornarem progressistas – e eu não sou o melhor exemplo disso, diga-se. Enquanto que o cara que mora em um terreno que conseguiu no usocapião manda carta para algum programa de tv que promete reformar casas, com a vã esperança que vão reformar a casa dele. Pois não é Lula, Marx, Haddad ou o PT que vai reformar a casa da pessoa, mas o pessoal que a pessoa paga em dinheiro (e faz um churrasco só para fazer um agrado na hora de encher a laje).
Lembrando que também as pessoas acabam entrando em um serviço público e cooptados por políticos inescrupulosos para lavar dinheiro aos mesmos ou trabalhar por merreca enquanto outros com cargos comissionados nem trabalham.
Enfim, tantas coisas e a esquerda só dá uma de virtuosa e diz que não é com ela… oras, olhar um pouco no espelho e depois olhar ao horizonte faz bem para entender os porquês!