Datafolha SP: Ricardo Nunes perde apoio após apagão, mas Boulos não avança

Alguns membros da equipe de Nunes acreditam que Boulos pode até encerrar o primeiro turno na liderança / Reprodução

Pesquisa Datafolha aponta queda nas intenções de voto de Nunes, estagnação de Boulos e aumento de votos brancos e nulos.


A nova pesquisa Datafolha sobre o segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo, contratada pela Folha de S. Paulo, revela uma perda significativa de apoio para o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Suas intenções de voto caíram de 55% para 51%. A queda ocorre após o apagão que atingiu a cidade, o que pode ter contribuído para a insatisfação dos eleitores.

Enquanto isso, Guilherme Boulos (PSOL) manteve os mesmos 33% registrados na pesquisa anterior. Ele não conseguiu capitalizar a perda de apoio ao atual prefeito. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Além disso, a pesquisa ouviu 1.204 eleitores entre terça e quinta-feira.

Aumento de votos brancos e nulos reflete insatisfação

Além da queda nas intenções de voto de Nunes, a pesquisa também indica um aumento significativo no número de votos brancos e nulos. Esse número passou de 10% para 14%. Esse crescimento sugere um desencanto de parte do eleitorado com os candidatos disponíveis. Por outro lado, o percentual de eleitores indecisos permaneceu estável em 2%. Esses dados mostram um possível cansaço do eleitorado com a gestão atual, mas, ao mesmo tempo, refletem a dificuldade de Boulos em conquistar novos eleitores.

Dados destoam dos trackings das campanhas

Apesar dos resultados apontados pela pesquisa Datafolha, os trackings internos das campanhas de Nunes e Boulos indicam um cenário diferente. Segundo fontes das campanhas, os dados de monitoramento mostram que Nunes vem perdendo apoio nos últimos seis dias, especialmente nas regiões afetadas pelo apagão. Em contraste, Boulos tem registrado um crescimento, ainda que moderado, em função da insatisfação com a gestão de Nunes. Esses trackings sugerem que a campanha de Boulos conseguiu capitalizar a crise energética, o que ainda não se reflete nos números divulgados pela Datafolha.

Boulos enfrenta rejeição “proibitiva” e dificuldade em expandir eleitorado

Um dos principais desafios de Boulos é sua alta rejeição. A pesquisa indica uma leve oscilação de 58% para 56%, mas ainda dentro da margem de erro. Essa rejeição é considerada “proibitiva”. Ou seja, torna difícil para o candidato do PSOL ampliar sua base de apoio, principalmente entre os eleitores de centro e de baixa renda. Esses eleitores, historicamente, votam no PT e apoiaram Lula nas eleições presidenciais. Apesar de ser o candidato apoiado por Lula, apenas 65% dos eleitores que votaram no ex-presidente estão dispostos a apoiar Boulos. Enquanto isso, 26% desse eleitorado pretende votar em Nunes. Esse dado representa um problema estratégico para a campanha de Boulos, que esperava maior adesão dos eleitores de Lula.

Nunes mantém rejeição estável e fortalece apoio nas periferias

Por outro lado, Nunes conseguiu manter uma rejeição relativamente estável, oscilando de 37% para 35%. Apesar da queda nas intenções de voto, o prefeito ainda mantém uma base sólida de apoio, especialmente nas periferias de São Paulo. Sua administração focou em obras de infraestrutura, como asfaltamento e construção de postos de saúde. Esses fatores explicam a resiliência de Nunes entre eleitores de baixa renda.

Apoio de eleitores bolsonaristas fortalece Nunes

A pesquisa também mostrou que Nunes mantém um apoio sólido entre os eleitores de Jair Bolsonaro. Nesse grupo, 83% declararam voto no prefeito. Essa fidelidade do eleitorado bolsonarista a Nunes contrasta com a dificuldade de Boulos em atrair uma fatia maior dos eleitores de Lula. Portanto, o maior desafio de Boulos é reduzir sua imagem de radical e ampliar sua base de apoio para além da esquerda tradicional, especialmente nas periferias.

Desempenho entre eleitores de maior escolaridade oscila

Outro dado relevante é o desempenho entre eleitores com maior escolaridade. Nunes continua liderando nas regiões de periferia e entre eleitores de menor renda. No entanto, ele registrou uma queda significativa entre os eleitores com curso superior. Nesse grupo, Nunes caiu de 47% para 44%.

Cenário instável a uma semana do segundo turno

Com uma semana restante para o segundo turno, Boulos enfrenta o desafio de conquistar eleitores de centro e reduzir sua rejeição. Por outro lado, Nunes tenta recuperar o apoio perdido após o apagão e consolidar sua vantagem nas regiões mais pobres da cidade. A corrida eleitoral em São Paulo segue acirrada, e as pesquisas mostram um cenário de instabilidade, o que pode trazer surpresas nos dias finais da campanha.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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