O domínio dos Estados Unidos sobre a tecnologia de fusão nuclear, que já foi inquestionável, está sendo seriamente desafiado pela China, que faz avanços rápidos e significativos nessa área. Enquanto os EUA foram pioneiros no desenvolvimento da fusão nuclear desde a década de 1950, a China tem acelerado seu progresso, com pesados investimentos e avanços tecnológicos impressionantes. Agora, ambos os países estão competindo para dominar essa fonte de energia limpa e praticamente ilimitada.
Segundo informações em artigo de Angela Dewan e Ella Nilsen para a CNN, a China está investindo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão anualmente em pesquisa e desenvolvimento de fusão nuclear, superando o investimento americano de aproximadamente US$ 800 milhões. Além disso, a China tem registrado um número crescente de patentes na área, ultrapassando outras nações. Esses esforços resultaram em grandes feitos tecnológicos, como a construção rápida de reatores experimentais chamados tokamaks.
A fusão nuclear é considerada o “Santo Graal” da energia limpa, liberando cerca de quatro milhões de vezes mais energia do que a queima de combustíveis fósseis. Embora não seja uma solução imediata para o combate às mudanças climáticas, ela é vista como uma esperança de longo prazo para a transição energética.
A empresa chinesa Energy Singularity, localizada em Xangai, tem sido uma das principais protagonistas nesse avanço. Fundada recentemente, a startup construiu seu próprio tokamak em apenas três anos, um feito notável em comparação com outros projetos internacionais. Esse reator utiliza supercondutores de alta temperatura, um avanço em relação aos ímãs de cobre usados em designs mais antigos, permitindo uma maior eficiência e menor tamanho dos reatores.
Enquanto a China faz avanços com o tokamak, os EUA também têm buscado novas abordagens. Cientistas americanos alcançaram um marco importante em 2022, quando geraram pela primeira vez mais energia a partir de fusão do que foi usada para aquecer o combustível. Isso foi realizado no Lawrence Livermore National Laboratory, utilizando um sistema de laser altamente avançado, uma tecnologia alternativa ao tokamak. Embora seja promissor, o desafio de sustentar a reação de fusão por longos períodos ainda permanece.
A China também está à frente na construção de infraestruturas para pesquisa. Um exemplo é o parque de pesquisa CRAFT, no leste da China, que está em fase de construção e previsto para ser concluído em 2025. Em comparação, as instalações nos EUA, como o Princeton Plasma Physics Laboratory, têm demorado mais tempo para atualizações, e o outro principal tokamak americano, o DIII-D, já tem mais de 30 anos.
De acordo com Andrew Holland, CEO da Fusion Industry Association, a China tem sido rápida em copiar e aperfeiçoar designs americanos, o que coloca pressão sobre os EUA para inovar mais rapidamente e proteger suas tecnologias. Ele também aponta que a China, como fez com a tecnologia de painéis solares, pode dominar a cadeia de suprimentos de fusão nuclear se continuar nesse ritmo.
Enquanto a China está avançando rapidamente com investimentos governamentais massivos, os EUA ainda lideram em termos de investimento privado. Globalmente, o setor privado investiu cerca de US$ 7 bilhões em pesquisa de fusão nuclear nos últimos anos, sendo 80% desse valor oriundo de empresas americanas.
Em resumo, a corrida para dominar a fusão nuclear está mais competitiva do que nunca. Embora a China tenha feito progressos notáveis e ultrapassado os EUA em algumas áreas, os americanos continuam a explorar diferentes tecnologias e contam com um ecossistema robusto de inovação privada.
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