Irã alerta países árabes para não apoiarem Israel

Iranianos em um protesto anti-Israel em Teerã / Reprodução

Teerã avisou que qualquer nação que permitir a Israel o uso de seu espaço aéreo poderá desencadear um conflito de grandes proporções no Oriente Médio


Preparando-se para uma possível retaliação de Israel, o Irã solicitou a seus vizinhos árabes que não permitam o uso de seu espaço aéreo por Israel, segundo dois diplomatas de países do Golfo, que falaram à NBC News nesta sexta-feira (11).

Israel, que prometeu responder ao ataque de mísseis balísticos lançado pelo Irã na semana passada, levou Teerã a alertar os países vizinhos de que qualquer assistência a Israel poderia resultar em uma escalada para um conflito mais amplo, afirmou um dos diplomatas. Ambos os diplomatas pediram anonimato, pois não estavam autorizados a discutir publicamente o tema sensível.

“O Conselho de Cooperação do Golfo não quer ser envolvido em um confronto direto”, disse um dos diplomatas, destacando que “a prioridade é a desescalada”.

Nações árabes como a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos abrigam bases militares e instalações petrolíferas dos EUA, essenciais para a economia global. A advertência do Irã de não apoiar Israel aumenta os temores de que esses locais possam ser alvos em um possível confronto.

Outro diplomata destacou que é improvável que qualquer país árabe permita o uso de seu espaço aéreo para um ataque israelense contra o Irã.

Iniciativa diplomática do Irã

Após esses eventos, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian e o ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi iniciaram uma forte campanha diplomática, buscando apoio dos vizinhos do Golfo e persuadindo-os a usar sua influência em Washington para moderar a resposta de Israel.

Araghchi visitou o Catar e a Arábia Saudita, onde manteve conversas com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Uma grande faixa em Teerã retrata os ataques com mísseis / NBC News

Pezeshkian também se reuniu com o presidente russo Vladimir Putin à margem de um fórum internacional em Ashgabat, no Turcomenistão, para discutir a crise no Oriente Médio. O Kremlin confirmou na sexta-feira que Pezeshkian aceitou um convite formal de Putin para uma visita de Estado.

Antes da reunião, Pezeshkian, considerado um líder relativamente moderado, disse à televisão estatal russa que Israel deveria “parar de matar inocentes” e acusou os EUA e a União Europeia de apoiar essas ações.

Promessas de retaliação de Israel

Israel prometeu que o Irã enfrentaria consequências pelo lançamento de cerca de 200 mísseis, embora o exército israelense tenha relatado que a maioria foi interceptada, resultando em apenas uma fatalidade: Sameh Khadr Hassan Al-Asali, um palestino de 38 anos atingido por estilhaços na Cisjordânia.

O ataque iraniano foi uma retaliação pelos assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, além de um ataque ao consulado iraniano em Damasco que matou dois generais iranianos.

Escalada das tensões

Nasrallah foi morto em um ataque aéreo israelense logo após vários líderes do Hezbollah serem mortos por dispositivos explosivos, em um ataque amplamente atribuído a Israel. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah recebem apoio do Irã, e Pezeshkian afirmou que o Irã estava “exercendo contenção”, aguardando dois meses após a morte de Haniyeh para retaliar.

O momento e a natureza da resposta de Israel permanecem incertos, mas o ministro da Defesa israelense Yoav Gallant afirmou que a resposta seria “mortal, precisa e, acima de tudo, surpreendente”.

Apesar de algumas pressões internas e externas para que Israel lance um ataque ambicioso às instalações nucleares iranianas, o presidente Joe Biden disse que não apoiaria tal ação. Além disso, o conselheiro sênior do aiatolá Ali Khamenei, Rasoul Sanaei-Rad, advertiu que atacar as instalações nucleares iranianas “cruzaria linhas vermelhas regionais e globais”.

Tensões regionais e preocupações energéticas

Biden também alertou Israel contra ataques a instalações petrolíferas iranianas, com os estados do Golfo fazendo lobby para evitar que suas próprias instalações se tornem alvos.

Abu al-Askari, porta-voz militar do Kataib Hezbollah, uma milícia apoiada pelo Irã, afirmou que o mundo perderia “12 milhões de barris de petróleo por dia” caso o Irã fosse atacado, e ameaçou retaliar contra interesses americanos no Iraque e na região.

Apesar dessas tensões, Matthew Savill, diretor do Royal United Services Institute, sugeriu que Israel poderia ignorar os protestos da Síria e do Iraque e optar por rotas aéreas alternativas para atacar o Irã.

Consequências humanitárias

Enquanto isso, no Líbano e em Gaza, as pessoas estão lidando com as consequências dos ataques israelenses. No Líbano, pelo menos 22 pessoas foram mortas e 117 ficaram feridas em ataques a Beirute, segundo o Ministério da Saúde libanês. Em Gaza, 28 pessoas morreram em um ataque aéreo a uma escola usada como abrigo. A IDF alegou que o local estava sendo utilizado como um centro de comando do terrorismo.

Com informações da NBC*

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