Após discurso do presidente de Taiwan, China promete retaliação comercial e aumenta as tensões no estreito – veja o que está por vir
A China está considerando novas medidas comerciais contra Taiwan, conforme anunciado pelo Ministério do Comércio da China no último sábado, apenas dois dias após Pequim criticar um discurso do presidente taiwanês, Lai Ching-te.
Em um comunicado divulgado em seu site, o ministério chinês afirmou que o Partido Democrático Progressista (DPP), partido governante de Taiwan, não tomou “nenhuma medida prática” para suspender as “restrições comerciais” contra a China.
“Atualmente, os departamentos relevantes (do governo chinês) estão estudando medidas adicionais com base nas conclusões da investigação sobre barreiras comerciais de Taiwan” contra a China, declarou o ministério.
Por outro lado, o Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan, responsável pelas políticas relacionadas à China, expressou seu descontentamento e “protestou veementemente” contra as possíveis ações. “A coerção econômica flagrante só despertará o ressentimento do povo taiwanês e fará com que a distância entre os dois lados do Estreito de Taiwan fique cada vez maior”, afirmou o Conselho em um comunicado oficial.
A China, que considera Taiwan parte de seu território, vê Lai como um “separatista”, o que intensifica as tensões entre os dois lados. Lai e seu governo, por sua vez, rejeitam as reivindicações de soberania de Pequim, enfatizando que apenas o povo de Taiwan tem o direito de decidir seu futuro.
Na quinta-feira, durante seu discurso no Dia Nacional, Lai declarou que a República Popular da China “não tinha o direito de representar Taiwan”, embora tenha expressado a disposição da ilha em trabalhar com Pequim em desafios globais, como as mudanças climáticas. Seu tom firme e conciliador provocou “ira” em Pequim.
O anúncio do Ministério do Comércio da China no sábado sugere que tarifas ou outras formas de pressão econômica podem ser implementadas contra Taiwan em breve.
O Gabinete de Assuntos de Taiwan da China, que já havia criticado o discurso de Lai por “promover ideias separatistas”, afirmou que a “obstinada adesão das autoridades do DPP à posição de ‘independência de Taiwan'” era a causa central da disputa comercial. “A base política dificulta que as disputas comerciais entre os dois lados do Estreito sejam resolvidas por meio de negociação”, acrescentou.
Em maio, a China reintroduziu tarifas sobre 134 itens importados de Taiwan, argumentando que Taiwan não havia reciprocado as concessões feitas sob o Acordo-Quadro de Cooperação Econômica entre os Dois Lados do Estreito (ECFA), assinado em 2010. Autoridades taiwanesas já haviam alertado que a China poderia aumentar a pressão sobre Lai ao encerrar alguns dos termos comerciais preferenciais incluídos no acordo.
Com informações da Reuters*