O governo federal se encontra no centro de uma nova controvérsia interna após declarações do ministro da Defesa, José Múcio, feitas durante um evento com empresários nesta semana.
Múcio criticou o que chamou de “questões ideológicas” que, segundo ele, estariam bloqueando as negociações para a compra de veículos blindados de Israel para o Exército brasileiro.
A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal Estado de S. Paulo. Desde então, setores do Partido dos Trabalhadores (PT) aumentaram a pressão para a saída do ministro. Entretanto, de acordo com fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a demissão de Múcio não está em pauta no momento.
Fontes do Palácio do Planalto informam que Lula e Múcio discutiram o episódio. A insatisfação do ministro em relação ao tema não surpreendeu o presidente, pois Múcio já havia procurado Lula anteriormente para sugerir uma solução intermediária, com o objetivo de destravar a compra dos obuseiros 155 mm.
Além disso, o ministro teria exposto as objeções levantadas pelo Ministério da Defesa ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Em abril, a empresa israelense Elbit Systems venceu uma licitação para fornecer 36 veículos blindados ao Brasil, mas o acordo encontrou barreiras internas.
Uma das principais resistências veio de Celso Amorim, assessor-chefe de Assuntos Internacionais da Presidência, que argumentou que a aquisição de equipamentos militares de Israel seria incoerente com a posição crítica de Lula em relação às ações israelenses na Faixa de Gaza e no Líbano.
Em resposta às críticas de Múcio, o TCU afirmou que não há impedimentos legais no Brasil para que as Forças Armadas adquiram material de empresas localizadas em países envolvidos em conflitos armados e que não existem tratados internacionais que restrinjam tais transações.
Múcio também ressaltou que a Corte de Contas não autorizou a transferência do contrato para a segunda colocada no processo licitatório, a empresa tcheca Excalibur.
Nos últimos dias, surgiram especulações na Esplanada dos Ministérios de que as declarações públicas de Múcio poderiam ter como objetivo forçar sua demissão, dado o desgaste causado pelos embates internos em sua gestão.
No entanto, pessoas próximas ao ministro desmentem essa versão, afirmando que essa não seria a maneira como ele age. Caso Múcio decida deixar o cargo, Lula será informado em primeiro lugar, conforme relataram aliados do ministro à jornalista Roseann Kennedy.
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