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Rússia se alinha com o Irã e nuvens de guerra se afastam

Com ajuda da Rússia, Irã demonstra poder militar e força Israel a recuar – O que está por trás da mudança de planos? Israel aparentemente arquivou seu ataque planejado ao Irã. Uma combinação de circunstâncias contribuiu para esse recuo, contradizendo a retórica agressiva de Israel, que parecia estar pronto para agir. Apesar da cuidadosa gestão […]

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O Irã disse que 90% de seus mísseis penetraram o sistema de defesa aérea de Israel / Reprodução

Com ajuda da Rússia, Irã demonstra poder militar e força Israel a recuar – O que está por trás da mudança de planos?

Israel aparentemente arquivou seu ataque planejado ao Irã. Uma combinação de circunstâncias contribuiu para esse recuo, contradizendo a retórica agressiva de Israel, que parecia estar pronto para agir.

Apesar da cuidadosa gestão midiática de Israel, surgiram relatos de que o ataque com mísseis iranianos em 1º de outubro foi um sucesso impressionante. Foi uma demonstração clara da capacidade de dissuasão do Irã contra Israel, se necessário. O fracasso dos EUA em interceptar os mísseis hipersônicos iranianos trouxe consigo uma mensagem significativa. O Irã afirmou que 90% de seus mísseis conseguiram penetrar no sistema de defesa aérea de Israel.

Will Schryver, engenheiro técnico e comentarista de segurança, escreveu no X (antigo Twitter): “Não entendo como alguém que viu os muitos videoclipes dos ataques de mísseis iranianos contra Israel não consegue reconhecer e admitir que foi uma demonstração impressionante das capacidades iranianas. Os mísseis balísticos do Irã destruíram as defesas aéreas dos EUA/Israel e lançaram diversos ataques de ogivas grandes contra alvos militares israelenses.”

Diante dessa situação de pânico em Israel, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que, até 4 de outubro, ainda não havia uma decisão sobre que tipo de resposta Israel deveria preparar contra o Irã. “Se eu estivesse no lugar deles [israelenses], estaria pensando em outras alternativas além de atacar campos de petróleo”, disse Biden em uma rara aparição na sala de imprensa da Casa Branca, um dia depois de autoridades israelenses sugerirem que uma “retaliação significativa” estava prestes a acontecer.

Biden acrescentou que os israelenses “ainda não decidiram o que farão” em retaliação, e mencionou que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu deve se lembrar do apoio dos EUA ao tomar suas próximas decisões. Biden também alegou que estava tentando reunir o mundo para evitar uma guerra total no Oriente Médio.

Nessa conjuntura, é mais seguro acreditar em Biden, pois a realidade é que, sem as contribuições práticas dos EUA, seja em ajuda financeira ou intervenção direta, Israel não tem capacidade suficiente para enfrentar o Irã. O domínio regional de Israel se resume principalmente à execução de assassinatos seletivos e ataques a civis desarmados.

Ainda assim, é discutível até que ponto Israel é autossuficiente em sua relação com o Irã. Relatórios indicam que os EUA forneceram inteligência tecnológica a Israel, ajudando a identificar o paradeiro do líder do Hezbollah, Sayyed Nasrallah, o que teria culminado em sua morte.

Curiosamente, o diretor da CIA, William Burns, refutou rumores de que o Irã havia realizado um teste nuclear no sábado. Em uma conferência de segurança na segunda-feira, Burns afirmou que os EUA estão monitorando de perto a atividade nuclear iraniana, sem evidências de que o Irã tenha tomado qualquer decisão nesse sentido. Burns desmantelou, assim, outro pretexto para um ataque ao Irã.

Um fator crítico que forçou Israel e os EUA a adiarem qualquer ação contra o Irã foi o severo aviso de Teerã de que qualquer ataque à sua infraestrutura seria respondido com ainda mais força. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, fez uma visita ao Líbano e à Síria, levando uma “mensagem” clara a Israel de que “o Irã apoia firmemente a resistência e continuará apoiando”.

Em 4 de outubro, o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, defendeu publicamente o ataque de mísseis do Irã contra Israel, chamando-o de “legítimo e legal”, e afirmou que, “se necessário”, o Irã agirá novamente. Em uma rara aparição nas Orações de Sexta-feira em Teerã, Khamenei reiterou que o Irã e o Eixo da Resistência não recuarão diante de Israel.

O que causa desconforto adicional para Israel e para os EUA é a crescente influência da Rússia na região. Analistas militares americanos revelaram que armas russas altamente avançadas foram transferidas para o Irã recentemente, incluindo sistemas de mísseis S-400, operados por pessoal militar russo. Há também especulações de que Sergei Shoigu, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, fez visitas secretas ao Irã.

Além disso, relatórios sugerem que a Rússia forneceu ao Irã dados de satélite sobre alvos israelenses, bem como o sistema de guerra eletrônica “Murmansk-BN”, que pode interferir em comunicações e sinais de satélite a uma distância de até 5.000 km, neutralizando munições “inteligentes” e drones.

O envolvimento russo no impasse entre Irã e Israel pode ser um divisor de águas. Para os EUA, eleva o espectro de um confronto direto com a Rússia, algo que desejam evitar.

Nesse cenário, as agências de notícias russas informaram que Putin se encontrará com o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, em 11 de outubro, na capital do Turcomenistão, Ashgabat. A reunião é vista como potencialmente antecipando a assinatura formal do pacto de defesa russo-iraniano, anteriormente prevista para a cúpula do BRICS em Kazan, de 22 a 24 de outubro.

Curiosamente, Putin ainda não respondeu ao pedido de Netanyahu para uma conversa telefônica, feito há cinco dias. A suposta relação especial entre Putin e Netanyahu, que Netanyahu frequentemente utilizou para impressionar seu público interno, parece estar desmoronando.

Por outro lado, ao marcar uma reunião urgente em Ashgabat, o Kremlin está deixando claro para Washington e Tel Aviv que Moscou está irrevogavelmente alinhado com Teerã e está disposto a apoiar o Irã, aconteça o que acontecer.

Por M. K. BHADRAKUMAR para o Indian Punchline*

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