O físico chinês Pan Jianwei revelou que a China pretende lançar uma rede global de comunicações ultra-seguras baseada em satélites quânticos nos próximos três anos.
A declaração foi feita durante a coletiva de imprensa do Prêmio Micius Quantum, onde Pan explicou que a construção da constelação de satélites e redes terrestres integradas deverá ser concluída até 2027.
Pan, conhecido como o “pai da quântica”, detalhou que ele e sua equipe planejam lançar dois a três satélites em órbita baixa no próximo ano.
Dois anos depois, a previsão é de colocar em operação um satélite em órbita alta. Esses satélites serão conectados às redes quânticas de fibra óptica terrestre em toda a China, com o objetivo de disponibilizar a rede para comunicações em larga escala nos próximos cinco a 10 anos.
A tecnologia, segundo o South China Morning Post, utiliza as propriedades dos qubits, pequenas partículas que podem estar em múltiplos estados simultaneamente.
Caso alguém tente interceptar a comunicação, qualquer mudança nos qubits seria detectada instantaneamente, expondo a tentativa de espionagem.
Defensores da tecnologia argumentam que isso tornaria virtualmente impossível hackear serviços como comunicações bancárias e de defesa nacional.
O anúncio ocorre em meio a preocupações globais sobre a segurança das comunicações, intensificadas pela guerra em andamento entre Israel e os EUA, de um lado, e o Irã e aliados regionais, do outro, desde outubro do ano passado.
Nos primeiros dias do conflito, surgiram informações de que a inteligência do Reino Unido estava monitorando as comunicações do Hezbollah no Líbano a partir de seu posto de escuta em Chipre, parte da rede Five Eyes.
Em resposta, o Hezbollah alterou seus métodos de comunicação, abandonando o uso de celulares em favor de tecnologias como pagers e walkie-talkies.
Contudo, relatos indicaram que a inteligência israelense conseguiu que o grupo adquirisse dispositivos eletrônicos de uma empresa fachada, contendo explosivos que foram detonados remotamente, resultando em dezenas de mortes e milhares de feridos.
As tensões sobre a segurança das comunicações se aprofundam devido ao controle que EUA e Israel têm sobre infraestruturas de comunicação globais, incluindo empresas como Google e Meta, que administra o WhatsApp.
Em abril, a Meta foi acusada de fornecer dados de comunicações de palestinos em Gaza para Israel. Os dados teriam sido utilizados pelo sistema de segmentação de inteligência artificial de Israel, chamado Lavender, para realizar ataques aéreos.
Além disso, a Starlink, subsidiária da SpaceX, anunciou a oferta de cobertura de internet via satélite no Iêmen.
O Major General Khaled Ghorab, especialista militar iemenita, afirmou ao The Cradle que essa ação está relacionada às perdas dos EUA nas operações navais no Mar Vermelho e faz parte de uma estratégia mais ampla que combina ações terrestres com inteligência via satélite.
Relatórios do Financial Times em março destacaram que EUA e Reino Unido enfrentaram dificuldades de inteligência nas operações no Mar Vermelho, principalmente em relação às capacidades das forças alinhadas ao Ansarallah. Isso sublinhou a necessidade ocidental de uma rede de espionagem confiável. A presença da Starlink na região foi apontada como um elemento importante nesse contexto.
A Reuters informou, também em março, que a SpaceX firmou contratos confidenciais com o Departamento de Defesa dos EUA para o desenvolvimento de um sistema de satélites espiões capaz de detectar ameaças globais em tempo real. O desenvolvimento dessas tecnologias é parte de um esforço contínuo para responder às necessidades de segurança e inteligência em cenários de conflito.