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A eleição municipal e o governo Lula

Por Jeferson Miola Há quem argumente, no governo e no PT, que o resultado saído das urnas no último domingo é favorável ao governo, porque os partidos que ocupam ministérios e formam a base no Congresso saíram-se vitoriosos. A realidade concreta, no entanto, não é bem assim. A eleição municipal consagrou a vitória daqueles partidos […]

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Por Jeferson Miola

Há quem argumente, no governo e no PT, que o resultado saído das urnas no último domingo é favorável ao governo, porque os partidos que ocupam ministérios e formam a base no Congresso saíram-se vitoriosos.

A realidade concreta, no entanto, não é bem assim.

A eleição municipal consagrou a vitória daqueles partidos fisiológicos e oportunistas que participaram e apoiaram ativamente o governo fascista-militar do Bolsonaro e que agora comandam áreas relevantes no governo Lula sem, contudo, qualquer lealdade política e programática a ele.

Gilberto Kassab, o camaleônico presidente do PSD, não deixa dúvidas a esse respeito. “Meu projeto é Tarcísio. Eu vou estar alinhado com o projeto que seja compatível com o projeto do Tarcísio, seja ele governador ou presidente”, declarou.

Tratam-se de partidos políticos que parasitam todos os governos, de qualquer lado do espectro ideológico, e que se afiguram como o principal fator do atraso, da corrupção e da pilhagem dos fundos públicos e do orçamento nacional.

Esse campo da direita adesista, junto com a extrema-direita oposicionista, obteve 25,4 milhões votos a mais em relação à eleição municipal de 2020, um crescimento de 49,7%, conforme se observa no quadro:


De outra parte, o bloco partidário de esquerda e centro-esquerda, no seu conjunto, estacionou em relação à eleição municipal de 2020, com crescimento ínfimo de 1,8%, significando 400 mil votos a mais [quadro acima].

A vitória, portanto, daqueles partidos neoliberais, conservadores e fisiológicos mais beneficia a direita aboletada no governo do que o próprio governo, que aumenta o poder de pressão e chantagem. E aumenta, também, a capacidade de obstruir a concretização do programa pelo qual Lula foi eleito em 2022.

Argumenta-se, além disso, que o resultado eleitoral foi positivo para o PT porque o Partido do presidente Lula passou de 183 prefeituras conquistadas em 2020 para 248 em 2024.

O dado é correto, mas é preciso se considerar, no entanto, que 92,3% das cidades [188] nas quais o PT venceu possuem até 20 mil habitantes, outras 41 [16,5%] têm entre 20 mil e 50 habitantes e 15 [6%] até 100 mil habitantes [quadro].


Ou seja, um melhor desempenho nos grotões, em contraste com conquistas irrisórias nos centros urbanos mais populosos e de maior relevância na disputa política, cultural e ideológica do país.

Nos maiores centros, o PT conquistou apenas duas [0,8%] das 178 cidades com população entre 100 mil e 200 mil, somente duas [0,8%] das 158 cidades com mais de 200 mil habitantes, e nenhuma capital [quadro acima].

No segundo turno o PT disputa a eleição em 11 municípios com mais de 200 mil habitantes, o que pode representar uma oportunidade para atenuar esta realidade.

Mas, se para o PT e para o campo de esquerda e centro-esquerda o resultado da eleição foi desfavorável, pode-se dizer que também terá sido eleitoralmente prejudicial para o governo Lula e para sua reeleição em 2026?

Ainda que seja precipitado cravar uma resposta, pode-se deduzir que para Lula, pessoalmente, o resultado pode não ser comprometedor.

Isso porque pesquisas mostram que [i] o eleitor lulista não é, automaticamente, um eleitor petista; e que [ii] o eleitor lulista tem perfil mais conservador que progressista, e vota em candidatos da direita conservadora e reacionária que integra o governo, e, inclusive, até na extrema-direita.

Em certo sentido, o lulismo enquanto fenômeno eleitoral é um “ativo privativo” do Lula, mais além do PT ou do conjunto da esquerda. O eleitorado do Lula não é fielmente aderente ao campo da esquerda como o eleitorado do Bolsonaro é fiel a candidaturas direitistas e extremistas.

Lula raciocina pragmaticamente com esta realidade. À luz da paisagem desenhada pela eleição municipal, ele deverá reconfigurar o arranjo de governabilidade para tocar a segunda metade do seu mandato e construir sua reeleição em 2026 mesmo que ao preço de entregar ainda mais nacos de poder e de orçamento a Kassabs da vida.

A questão é saber se essa escolha compensará eventuais perdas de base social e eleitoral que poderá se deslocar para o extremismo caso o governo não consiga responder às dramáticas urgências da maioria do povo brasileiro que não se alimenta de aumentos anunciados do PIB, como dizia Maria da Conceição Tavares.

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Comentários

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Pons

09/10/2024 - 09h49

Entao o STF tirou o twitter do ar o mes antes da eleiçào (o mais importante) e volto logo o dia seguinte ?

Alguem explica como o Brasil chegou até esse nivel de merdume fascisotide que tomou conta do STF ?

Jhonny

09/10/2024 - 09h42

Ao PT sobrou sò a grande midia paga (Globo, Folha, etc…), os bloguezinhos como o Cafezinho tambem pagos para fazer o papel ridiculo de jagunços e propaganda rasteira, os pseudo artistas decadentes ha decadas (tambem pagos com a Lei Rouanet), alguns professores comunisotides (sempre menos) para imbecilizar os jovens nas escolas e a elite financeira (tambem paga com os juros mais altos do planeta terra).

Os sidndicatos ou nada sao a mesma coisa e os votos dos trabalhadores mesmo nao tem.

O que ainda mantem vivo o PT é o acordo entre Lula (o sujeito mais baixo e rasteiro da politica brasileira) e a massa de subdesenvolvidos cronicos do bolsa farelo, salario senzala e diarreias afins para comprar votos…mas isso tem dia e data marcada para acabar.

O destino de todos esses partidos de extraçào comunisto/troglodita dos anos 80 como o PT é desaparecer…em paises hoje normais sumiram 30 anos atras, em paises civilmente e culturalmente atrasados como o Brasil irao sumir em breve.

Fanta

08/10/2024 - 21h58

Um desastre anunciado, Lula não tem mais nada a ver com nada há anos mas aos brasileiros o que importa é o bolsa farelo e nada mais.


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