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Quem anda com porco, farelo come

Depois de chamar Marçal de “bandido”, Nunes adota tom cauteloso e deixa em aberto a aliança – entenda a mudança de postura nos bastidores políticos de São Paulo A postura de Ricardo Nunes diante das eleições municipais em São Paulo levanta questões importantes sobre coerência política e alianças de conveniência. Nos últimos dias, Nunes passou […]

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Ao se aproximar de Pablo Marçal, Ricardo Nunes vê uma oportunidade política em um eleitorado desiludido com a figura de Bolsonaro / Reprodução

Depois de chamar Marçal de “bandido”, Nunes adota tom cauteloso e deixa em aberto a aliança – entenda a mudança de postura nos bastidores políticos de São Paulo

A postura de Ricardo Nunes diante das eleições municipais em São Paulo levanta questões importantes sobre coerência política e alianças de conveniência. Nos últimos dias, Nunes passou de ataques ferozes a Pablo Marçal – chamando-o de “pessoa malvada” e afirmando que “não é de Deus” – para uma aparente tentativa de aproximação. No entanto, a estratégia de buscar apoio de um candidato radical como Marçal, que representa uma direita ainda mais extrema, evidencia uma contradição flagrante e revela o tipo de aliança que Nunes está disposto a fazer em nome de seu projeto de reeleição.

O ditado “quem anda com porco, farelo come” nunca pareceu tão apropriado para ilustrar essa guinada. Marçal, com sua agenda política radical e seus métodos questionáveis – como a divulgação de informações falsas sobre Boulos – representa uma faceta extrema da direita que Nunes agora parece estar disposto a abraçar.

A busca por votos, ao que tudo indica, vale mais que os princípios

Essa tentativa de aproximação não é apenas uma questão de pragmatismo político, mas também de identidade. Ao sinalizar que tem um “perfil muito semelhante” ao de Marçal, Nunes admite, ainda que indiretamente, que compartilha da mesma visão de mundo ultraconservadora, caracterizada pelo rechaço à esquerda e por discursos muitas vezes polarizadores e agressivos.

O que ele deixa de considerar é que, ao se alinhar a figuras radicais, corre o risco de perder ainda mais credibilidade e se distanciar de setores moderados que poderiam vê-lo como uma alternativa de centro-direita.

A tentativa de se aproximar de Marçal também deixa claro que Nunes vê uma oportunidade política em um eleitorado desiludido com a figura de Bolsonaro, mas que ainda busca um líder com um discurso de direita dura. Isso é arriscado. Quem anda com radicais, acaba herdando as consequências de suas ações e discursos.

No final das contas, o que está em jogo é a própria essência de sua candidatura: Nunes quer ser o prefeito que unifica ou o prefeito que cede ao radicalismo para garantir votos?

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