Por que a China apoiou a Rússia na disputa da ONU sobre explosões no gasoduto Nord Stream

Espera-se que Xi converse com Putin quando ele participar da cúpula das economias emergentes do Brics / Reprodução

A alta liderança chinesa prometeu aprofundar os laços com a Rússia para conter a pressão ocidental antes da terceira reunião Putin-Xi desde maio

A China apoiou a Rússia em uma disputa contra o Ocidente, liderado pelos EUA, na sexta-feira, enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas debatia a responsabilização pelas explosões de 2022 nos gasodutos Nord Stream.

Esse apoio coincidiu com as promessas do presidente chinês, Xi Jinping, que deve se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, neste mês, e do principal diplomata chinês, Wang Yi, de aprofundar os laços com Moscou para enfrentar a pressão ocidental. Geng Shuang, representante permanente adjunto da China nas Nações Unidas, expressou a decepção de Pequim com a falta de progresso na investigação das explosões no oleoduto Nord Stream, no Mar Báltico, ocorridas há dois anos.

Os gasodutos submarinos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, que transportam gás natural da Rússia para a Alemanha, foram gravemente danificados em 26 de setembro de 2022, sete meses após a invasão russa da Ucrânia.

Ecoando o representante russo na ONU, que havia solicitado a sessão do conselho, Geng pediu aos países-membros que “se comunicassem e cooperassem ativamente” com Moscou e evitassem padrões duplos ou a politização da investigação.

“Lamentavelmente, ainda não chegamos a uma conclusão definitiva”, afirmou, segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Geng também questionou: “Havia uma agenda oculta na oposição inicial a uma investigação internacional? As evidências foram encobertas ou destruídas nos últimos dois anos? Quando a confiança que demos será recompensada com a verdade sobre o que aconteceu?”

Inicialmente, autoridades americanas e europeias culparam a Rússia pelas explosões, enquanto Putin acusou os EUA, a Grã-Bretanha e a Ucrânia, sem fornecer provas. O Wall Street Journal relatou em agosto que os oleodutos foram sabotados por uma equipe ucraniana em uma operação inicialmente aprovada pelo presidente Volodymyr Zelensky, mas que seguiu adiante mesmo após o cancelamento. Kiev negou essas alegações.

A Rússia pediu uma investigação independente sobre o incidente no ano passado, mas sua proposta, apoiada por China e Brasil, foi bloqueada no Conselho da ONU. Durante a reunião do conselho na sexta-feira, representantes da Rússia, dos EUA e da França se confrontaram, com Moscou alegando um “aparente encobrimento” por parte dos países ocidentais.

Nos últimos meses, os EUA e seus aliados da OTAN intensificaram a pressão sobre a China em relação à guerra da Rússia na Ucrânia, aplicando sanções e acusando Pequim de ser um “facilitador decisivo” com seu apoio significativo ao esforço de guerra de Putin. No entanto, a China acelerou os esforços para fortalecer sua parceria “sem limites” com Moscou, com os dois países se preparando para a terceira reunião entre Xi e Putin desde maio.

Espera-se que Xi se encontre com Putin durante a cúpula das economias emergentes do BRICS, de 22 a 24 de outubro, em Kazan, no oeste da Rússia. Na quarta-feira, Xi e Putin trocaram mensagens de felicitações para marcar o 75º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países. Xi afirmou que a China está “pronta para se juntar a Putin para expandir a cooperação pragmática completa”, enquanto Putin destacou que os laços bilaterais atingiram seu nível mais alto de todos os tempos.

Putin também afirmou que ambos os países “coordenaram-se eficientemente em assuntos internacionais e regionais, e trabalharam juntos para construir uma ordem mundial multipolar justa”. Nas últimas semanas, o primeiro-ministro chinês Li Qiang, o vice-presidente Han Zheng e o ministro das Relações Exteriores Wang Yi visitaram a Rússia e se reuniram com Putin.

Os dois países realizaram exercícios navais de grande escala no mês passado, com a Xinhua destacando que os exercícios visavam aprofundar a “coordenação estratégica” entre as forças militares chinesas e russas. Em um artigo publicado no jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Diário do Povo, Wang elogiou os laços bilaterais por terem “resistido a tempestades” e se tornado “mais maduros, estáveis e resilientes”. Ele também ressaltou a oposição da China ao “hegemonismo” e às “sanções unilaterais ilegais”.

Wang enfatizou que, independentemente das mudanças na situação internacional, o núcleo das relações China-Rússia permaneceria inalterado. Seus comentários ocorreram poucos dias após o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, emitir um alerta nuclear na Assembleia Geral da ONU em Nova York, advertindo sobre os perigos de infligir uma “derrota estratégica” à Rússia.

Lavrov alertou que os esforços dos EUA e do Reino Unido para apoiar a Ucrânia estavam preparando a Europa para uma “empreitada suicida”, destacando o risco de um confronto com uma potência nuclear como a Rússia.

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