Pesquisa Datafolha revela estabilidade na disputa entre Boulos, Nunes e Marçal em São Paulo, com eleitorado bolsonarista oscilando e rejeição alta dificultando o avanço de Marçal.
A mais recente pesquisa Datafolha revela um cenário marcado pela estabilidade e disputa acirrada entre os três principais candidatos à Prefeitura de São Paulo: Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), e Pablo Marçal (PRTB). A corrida segue tecnicamente empatada, o que mantém a eleição aberta e cheia de incertezas, especialmente entre eleitores de baixa renda e aqueles que apoiaram Jair Bolsonaro em 2022.
Cenário atual de intenções de voto
Na pesquisa estimulada, Guilherme Boulos aparece com 27% das intenções de voto, enquanto Ricardo Nunes e Pablo Marçal seguem empatados com 24% cada. Tabata Amaral (PSB) tem 10%, Luiz Datena (PSDB) aparece com 4%, e Marina Helena (Novo) registra 2%. Os votos brancos e nulos somam 5%, enquanto 3% dos eleitores ainda se declaram indecisos.
Em termos de votos válidos, Boulos lidera com 29%, seguido por Nunes e Marçal, ambos com 26%. Tabata Amaral aparece com 11%, Datena com 4%, e Marina Helena com 2%. Esses números indicam um cenário de estabilidade em relação à pesquisa anterior, com Boulos oscilando um ponto percentual para cima e Tabata recuando um ponto.
Nos eleitores que recebem até dois salários mínimos, Boulos e Nunes seguem empatados com 28%, enquanto Marçal apresenta 25%. Este é um grupo importante para definir os rumos do pleito, dado seu peso eleitoral em São Paulo. Nos eleitores de renda média, Marçal lidera com 31%, seguido por Boulos com 25% e Nunes com 24%.
Movimentação do eleitorado bolsonarista
Um dos pontos de maior destaque nesta pesquisa foi o movimento do eleitorado bolsonarista entre os candidatos Ricardo Nunes e Pablo Marçal. Em 26 de setembro, 39% dos eleitores de Bolsonaro apoiavam Nunes, enquanto Marçal liderava com 43%. Já em 3 de outubro, Nunes viu seu percentual de apoio cair para 32%, enquanto Marçal subia para 51%. Agora, na pesquisa de hoje, houve um refluxo: Nunes recuperou parte desse eleitorado, alcançando 36%, enquanto Marçal registrou uma leve queda, passando para 49%.
Esse movimento sinaliza uma leve migração de eleitores bolsonaristas para Nunes, especialmente após a live em que Bolsonaro apareceu publicamente apoiando o candidato do MDB. A equipe de Nunes vê essa declaração como uma “arma final” para atrair de volta eleitores que estavam indecisos. Entretanto, Marçal ainda mantém uma forte base nesse eleitorado, evidenciando uma disputa acirrada por esse segmento, que é essencial para decidir o segundo turno.
Consolidação dos votos
Outro dado importante revelado pela pesquisa é a consolidação dos votos dos principais candidatos. Boulos tem o maior grau de certeza de voto, com 87% de seus eleitores afirmando que não pretendem mudar de opinião, um aumento em relação à pesquisa anterior, que mostrava 85%. Ricardo Nunes também apresentou crescimento, passando de 74% para 76% de eleitores convictos, enquanto Marçal viu sua consolidação subir de 80% para 83%. Tabata Amaral foi quem mais cresceu nesse aspecto, com um aumento de 59% para 69%.
Esses números revelam que, mesmo em um cenário de empate técnico, os eleitores estão cada vez mais decididos sobre seu voto, o que pode dificultar mudanças significativas até o dia da eleição. A grande questão agora está na mobilização desses eleitores, considerando que 24% dos entrevistados ainda afirmam que podem mudar de opinião.
Rejeição dos candidatos
A rejeição também se mostra um fator crucial nesta reta final. Pablo Marçal continua liderando a taxa de rejeição, agora com 53%, um aumento significativo em relação aos 30% registrados semanas atrás. Essa rejeição alta pode ser um ponto determinante para um eventual segundo turno, limitando suas chances de crescimento. Luiz Datena aparece em segundo lugar na rejeição, com 39%, enquanto Guilherme Boulos mantém uma rejeição estável de 38%. Ricardo Nunes, por sua vez, tem a menor rejeição entre os principais candidatos, com 25%.
Esses dados de rejeição indicam que, embora Marçal esteja tecnicamente empatado nas intenções de voto, sua rejeição alta pode dificultar sua competitividade em um segundo turno, especialmente contra Nunes ou Boulos.
Tendências e cenário de segundo turno
Os dados apontam que Ricardo Nunes está em melhores condições para um segundo turno, uma vez que é o único capaz de vencer tanto Boulos quanto Marçal, de acordo com simulações anteriores. A disputa entre os três candidatos ainda está aberta, mas há algumas tendências importantes a serem observadas:
- Consolidação do apoio de Bolsonaro: O apoio explícito de Bolsonaro a Nunes pode ajudar a atrair eleitores indecisos que se identificam com o ex-presidente, especialmente num momento de busca por consolidação de voto. A recuperação parcial do eleitorado bolsonarista que havia migrado para Marçal indica que Nunes pode ainda crescer nessa reta final.
- Vantagem de Boulos à esquerda: Guilherme Boulos mantém um eleitorado estável, com o maior grau de certeza de voto, o que o coloca como favorito a passar ao segundo turno, especialmente se conseguir manter o nível de mobilização de suas bases e ampliar um pouco mais seu alcance entre eleitores indecisos.
- Alta rejeição de Marçal: A rejeição crescente de Pablo Marçal se torna um ponto de fragilidade, dificultando seu caminho para o segundo turno e potencialmente prejudicando suas chances de vitória caso consiga avançar. Embora tenha apoio considerável do eleitorado bolsonarista, sua rejeição de 53% pode ser um grande obstáculo para conquistar novos votos.
Em resumo, o cenário atual do Datafolha reafirma a disputa acirrada entre Guilherme Boulos, Ricardo Nunes e Pablo Marçal. O apoio de Bolsonaro a Nunes, a consolidação do eleitorado de Boulos e a rejeição crescente de Marçal são os pontos mais significativos desta pesquisa. A corrida eleitoral ainda está indefinida, e a capacidade de cada campanha de mobilizar os eleitores indecisos e garantir uma baixa abstenção pode ser o fator determinante para o desfecho desta eleição.