Criança morre pisoteada por multidão em busca de asilo

“Uma criança foi pisoteada até a morte”, disse o ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, acrescentando que várias outras pessoas morreram no “drama terrível” / Reprodução / AFP

Um rebocador francês resgatou 14 pessoas a bordo, incluindo os falecidos, durante uma missão de resgate entre 8h e 9h

Autoridades francesas confirmaram a morte de várias pessoas neste sábado (5), incluindo uma criança, durante uma tentativa de travessia do Canal da Mancha em um barco superlotado rumo à Grã-Bretanha. Outro candidato a asilo foi gravemente ferido e precisou ser levado de helicóptero para um hospital em Boulogne, no norte da França, após o bote emitir um pedido de socorro.

A operação de resgate foi conduzida entre 8h e 9h, com o rebocador francês Abeille Normandie salvando 14 pessoas a bordo, incluindo os falecidos. “Mais uma vez, vários migrantes perderam suas vidas tentando chegar à Grã-Bretanha cruzando o Canal da Mancha”, declarou a prefeitura de Pas-de-Calais, no norte da França.

O ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, lamentou o ocorrido, informando que “uma criança foi pisoteada até a morte” durante o episódio trágico. “Os contrabandistas têm o sangue dessas pessoas em suas mãos e nosso governo intensificará a luta contra essas gangues que organizam essas travessias mortais”, acrescentou Retailleau em um comunicado.

O Ministro do Interior da França, Bruno Retailleau (à esquerda), ouve gendarmes franceses durante uma operação da gendarmaria francesa no pedágio da rodovia A83 em Les Essarts, oeste da França, na sexta-feira / Foto: AFP

De acordo com autoridades, o incidente não foi um naufrágio, pois a criança foi encontrada morta a bordo do barco e não na água. O prefeito da cidade de Le Portel, Olivier Barbarin, informou que a vítima tinha cerca de quatro anos.

Os outros passageiros a bordo do bote continuaram sua jornada, mas o Ministério Público de Boulogne-sur-Mer confirmou a morte da criança, classificando-a como “muito jovem”, sem divulgar outros detalhes imediatamente. Os 14 resgatados desembarcaram no porto comercial de Le Portel.

As travessias perigosas do Canal da Mancha por requerentes de asilo indocumentados têm aumentado significativamente desde 2018, apesar dos alertas frequentes sobre os riscos da jornada, que envolvem tráfego marítimo intenso, águas geladas e correntes fortes. O governo francês tenta conter essas travessias, mas só intervém para fins de resgate por questões de segurança.

O primeiro-ministro francês Michel Barnier faz seu discurso de política geral na Assembleia Nacional em Paris, França, na terça-feira / Foto: Reuters

O fluxo migratório pelo Canal se mantém desafiador para os governos da França e da Grã-Bretanha, que tentam barrar a imigração ilegal, enquanto contrabandistas cobram milhares de euros por passageiro para fazer a travessia em embarcações precárias.

O recém-eleito primeiro-ministro da França, Michel Barnier, reforçou a necessidade de uma política de imigração mais rígida, afirmando que será “implacável” com os traficantes de pessoas, que “exploram a miséria e o desespero” dos migrantes.

A tragédia mais recente ocorre poucas semanas após o naufrágio de outro barco no Canal da Mancha, que resultou na morte de oito migrantes em setembro. Desde o início do ano, mais de 25.000 migrantes conseguiram atravessar o Canal da Mancha em pequenos barcos rumo à Grã-Bretanha.

A questão das travessias de pequenos barcos foi central nas eleições gerais britânicas de julho, e a ministra do Interior britânica, Yvette Cooper, prometeu aumentar as deportações de requerentes de asilo rejeitados, buscando atingir a maior taxa de deportações dos últimos cinco anos.

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