O avião já havia decolado às 12h38 deste sábado (5). A previsão era de que o pouso em Beirute ocorresse por volta das 11h de Brasília. A primeira escala da nova operação humanitária no Oriente Médio previa repatriar 220 brasileiros.
No retorno, a estimativa era de que a aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira fizesse uma parada técnica em Lisboa. A aterrissagem no Brasil estava prevista para este domingo, 6 de outubro, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP).
Cerca de três mil brasileiros no Líbano haviam manifestado interesse na repatriação. Na última quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou os critérios de seleção: “Em primeiro lugar, brasileiros não residentes. Logo depois, brasileiros residentes. E, dentro dessas duas categorias, o que é estabelecido por lei: idosos, mulheres, gestantes, crianças, pessoas com deficiência, doentes de toda forma. Com base nisso, e com a disponibilidade nos aviões, organizamos a lista para esse primeiro voo”, afirmou.
Acolhimento – Na tripulação do KC-30, havia uma equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros e psicólogos para garantir acolhimento e assistência. “A gente está aqui para dar apoio à tripulação e aos passageiros, para mitigar os efeitos desse estresse, de tudo o que causa nas pessoas lidar com situações como essa”, completou a tenente Ingrid, psicóloga.
Segurança – Segundo o tenente-coronel aviador Marcos Fassarella Olivieri, o voo seguia o perfil dos 13 realizados na Operação Voltando em Paz, que ocorreu em 2023 para resgatar quase 1.600 brasileiros e mais de 50 animais domésticos das zonas de conflito em Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia. “Nós temos a capacidade de, por voo, repatriar 220 pessoas, além de trazer os pets. Nos enche de orgulho participar de uma missão tão importante, de podermos trazer nossos compatriotas de uma zona de guerra para um local seguro”, afirmou Olivieri.
Flexibilidade para pets – O Ministério da Agricultura e Pecuária manteve a flexibilização das regras para a entrada de cães e gatos acompanhando cidadãos repatriados e refugiados. As diretrizes facilitavam o processo de ingresso desses animais no Brasil. As unidades da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), em conjunto com a Coordenação de Trânsito e Integração Nacional de Cargas e Passageiros, adotaram um protocolo especial para animais de estimação vindos do Oriente Médio. Esse procedimento permitia que os tutores ingressassem com seus pets sem a necessidade imediata de apresentar os documentos sanitários exigidos em condições normais. “Essa flexibilização era necessária para que a entrada dos animais acompanhasse a urgência das situações humanitárias, preservando a saúde pública e o bem-estar animal”, explicou o coordenador-geral de Trânsito, Quarentena e Certificação Animal do ministério, Bruno Cotta.
Múltiplas funções – O KC-30 usado neste primeiro voo de repatriação é um avião com cerca de 240 lugares, com autonomia para até 14.500 quilômetros, e foi utilizado diversas vezes nos voos humanitários de resgate de brasileiros nas zonas de conflito em Israel e Gaza desde o início da crise no Oriente Médio, em outubro de 2023. Com 59 metros de comprimento, é a maior aeronave operada pela Força Aérea Brasileira, com capacidade para uso em operações estratégicas, apoio logístico e missões humanitárias. Em casos de calamidade pública, como desastres naturais ou emergências médicas, também pode realizar missões de Evacuação Aeromédica (EVAM) para atender a múltiplos pacientes.
O que é – A Operação Raízes do Cedro foi determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o acirramento do confronto entre Israel e o grupo Hezbollah, que atua no Líbano. A logística de repatriação envolvia o uso de aeronaves e servidores da Força Aérea Brasileira, além de um intenso trabalho de articulação nos bastidores. O ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) teve conversas com chanceleres e representantes do Líbano e de países vizinhos para organizar o resgate com segurança. Os funcionários da embaixada do Brasil em Beirute mantinham contato frequente com a comunidade brasileira na região, estimada em cerca de 20 mil pessoas, para detectar o número de interessados em retornar, organizar as listas, garantir o deslocamento terrestre seguro dos repatriados até o aeroporto e acompanhar o embarque.