O Representante Permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, declarou que a sabotagem dos gasodutos Nord Stream não poderia ter ocorrido sem o apoio de um governo, ecoando a opinião de diversos especialistas.
A afirmação foi feita durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em que Nebenzya criticou as teorias que surgiram após o incidente e sugeriu que as mesmas foram criadas para encobrir os responsáveis.
“Há outra explicação para as inúmeras teorias inacreditáveis que surgiram recentemente: é o desejo básico dos mentores e perpetradores do crime de encobrir seus rastros e enganar os investigadores”, disse Nebenzya. Ele argumentou que a alegação de que um grupo de mergulhadores ucranianos amadores teria conduzido o ataque é altamente implausível.
“Tal história seria um bom roteiro para um blockbuster de Hollywood, mas não funcionaria na vida real”, afirmou. Segundo ele, a maioria dos especialistas concorda que tal ato de sabotagem não poderia ser realizado sem apoio governamental.
Nebenzya também destacou que as suspeitas da Rússia sobre o envolvimento de autoridades ocidentais no incidente permanecem e, na verdade, se intensificaram com o passar do tempo.
“Dois anos depois, todas as nossas suspeitas decorrentes de declarações ocidentais […] não desapareceram, mas apenas aumentaram”, observou o representante russo, referindo-se a declarações de autoridades dos EUA e da Europa sobre o ocorrido.
Ele ainda criticou o comportamento dos países ocidentais no Conselho de Segurança da ONU, sugerindo que houve esforços para evitar uma investigação adequada.
Na mesma semana, o Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR) também se pronunciou, afirmando que os países ocidentais não só falharam em conduzir uma investigação sobre a sabotagem dos gasodutos, como estariam tentando manipular os resultados das investigações.
O SVR informou que recebeu relatos de uma suposta campanha de desinformação, coordenada pelos EUA e pelo Reino Unido, com o objetivo de encobrir os verdadeiros responsáveis pela sabotagem, especialmente com a proximidade do aniversário do incidente.
Apesar dessas alegações, o SVR destacou que ainda existem políticos e especialistas independentes em países ocidentais que buscam esclarecer o que realmente aconteceu. A agência russa lembrou que o ataque ao Nord Stream causou danos significativos à economia europeia, e que a Rússia espera que uma investigação imparcial seja conduzida para identificar os responsáveis.
Explosões no Nord Stream
Os gasodutos offshore Nord Stream 1 e 2, que transportavam gás natural da Rússia para a Europa, sofreram explosões em três segmentos no dia 26 de setembro de 2022, em um incidente que gerou grande preocupação internacional.
Desde o início, Moscou tem sustentado a tese de que o ataque foi uma ação deliberada com o apoio dos Estados Unidos. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, reiterou que o governo russo não tem dúvidas sobre o envolvimento de Washington no ato de sabotagem.
Em resposta ao incidente, o Gabinete do Procurador-Geral da Rússia abriu uma investigação sobre terrorismo internacional, a fim de apurar os danos causados aos gasodutos e identificar os responsáveis pelo ataque.
A questão continua a gerar tensões nas relações internacionais, especialmente entre a Rússia e os países ocidentais, que têm adotado posturas divergentes em relação ao conflito na Ucrânia e outras questões geopolíticas. Enquanto isso, a comunidade internacional segue acompanhando de perto os desdobramentos da investigação sobre as explosões dos gasodutos Nord Stream.