Descubra como a queda nas entregas da Tesla pode impactar seus planos ambiciosos para o lançamento do aguardado robotaxi
A Tesla divulgou na quarta-feira (2) um aumento nas entregas do terceiro trimestre, porém abaixo das expectativas do mercado, o que resultou em uma queda de mais de 6% no valor das ações da empresa. Incentivos e opções de financiamento oferecidos não foram suficientes para atrair clientes para seus veículos elétricos mais antigos, o que coloca a fabricante em risco de registrar sua primeira queda nas entregas anuais após anos de crescimento acelerado.
A queda nas ações fez com que a Tesla estivesse prestes a perder todos os ganhos acumulados ao longo de 2024 até a sessão de quarta-feira. Recentemente, as ações subiram impulsionadas pela expectativa dos investidores em relação ao evento da Tesla em 10 de outubro, em Los Angeles, onde espera-se o lançamento de seu robotáxi, com foco em tecnologias autônomas alimentadas por inteligência artificial (IA).
A Tesla tem adotado uma estratégia agressiva de redução de preços e ampliação de incentivos, como seguros e financiamento com juros zero, principalmente na China, que representa cerca de um terço de suas vendas globais. Isso impulsionou as vendas no país nos meses de julho e agosto, conforme dados da Associação de Carros de Passageiros da China. Analistas acreditam que essa força continuou em setembro, enquanto a demanda nos Estados Unidos e na Europa permaneceu fraca. “A China demonstrou força relativa neste trimestre, mas foi compensada pela fraqueza nos EUA e na Europa”, observou Dan Ives, analista da Wedbush Securities.
No período de julho a setembro, a Tesla entregou 462.890 veículos, um aumento de 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, esse número ficou abaixo das 469.828 entregas esperadas por 12 analistas consultados pela LSEG. Embora o CEO Elon Musk tenha expressado confiança em um aumento de entregas para 2024, em comparação ao recorde de 1,8 milhão de veículos do ano passado, analistas apontam que os números atuais dificultam alcançar essa meta.
Para evitar uma queda nas entregas anuais, a Tesla precisaria entregar 516.344 veículos no quarto trimestre, o que seria um novo recorde. “Há um limite para o que a Tesla pode fazer com cortes de preços e incentivos, sem oferecer novos modelos aos consumidores”, disse Sandeep Rao, pesquisador sênior da Leverage Shares. Ele destacou que a concorrência, especialmente na China, tem lançado novos modelos com frequência, pressionando ainda mais a Tesla.
Os cortes de preços e incentivos também têm impactado negativamente as margens de lucro da empresa, o que, segundo analistas e investidores, pode trazer consequências adversas no longo prazo. No entanto, alguns analistas viram o retorno ao crescimento como um sinal positivo, indicando que as estratégias de incentivo estavam surtindo efeito. “O retorno ao crescimento nas entregas é o ponto mais relevante nos números divulgados hoje”, comentou Matt Britzman, analista da Hargreaves Lansdown.
A Tesla entregou 439.975 unidades dos Model 3 e Model Y, e 22.915 de outros modelos, como o Model S, Cybertruck e o SUV premium Model X. A produção no período foi de 469.796 veículos. As entregas da Tesla superaram as da rival BYD, que entregou 443.426 veículos elétricos a bateria no mesmo trimestre.
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